O vazamento de uma carta preparada para ser divulgada na segunda-feira pode ter minado a credibilidade da investigação conduzida por Richard McLaren sobre o caso de possível patrocínio estatal de um esquema de doping na Rússia. O comunicado encabeçado pelos institutos antidoping dos Estados Unidos e Canadá pediria ao Comitê Olímpico Internacional (COI) o banimento de toda a delegação russa – além do atletismo do país, que já está fora – dos Jogos Olímpicos do Rio, caso fosse confirmado o escândalo.

Um grupo de líderes olímpicos, incluindo alguns membros do COI e da Federação Internacional de Natação (Fina), publicou informes sugerindo que o vazamento desta carta atrapalhou a reputação da investigação.

“É decepcionante ver que há proeminentes partes interessadas na competição olímpica querendo banir um outro membro da família dos jogos Olímpicos deste modo desleal”, comentou Spyros Capralos, presidente do Comitê Olímpico da Grécia.

Zlatko Matesa, presidente do Comitê Olímpico da Croácia, endossou o discurso de Capralos. “Isto não faz parte do espírito olímpico e coloca uma sombra sobre a integridade da investigação”, afirmou.

Entretanto, o líder do Instituto Internacional de Organizações Antidoping (iNADO) Joseph de Pencier não vê sentido nesta afirmação. Ele afirmou neste domingo que sua organização nunca se comunicou ou tentou influenciar de qualquer maneira o trabalho de McLaren.

Pencier fez questão de frisar: “Assim como a iNADO, organizações esportivas e antidoping de todos os tipos vêm se planejando há dias para a possibilidade do pior cenário. Já preparamos as respostas adequadas esperando que elas não precisem ser usadas.”

A disputa por meio de comunicados oficiais após o vazamento da carta define bem a importância do resultado da investigação que será divulgado na segunda-feira. Líderes de organizações antidoping e grupos de atletas pedem por um banimento completo da Rússia do Rio-2016 em caso de confirmação do esquema, mas Thomas Bach, presidente do COI, ainda acredita que seja necessário encontrar um equilíbrio entre “responsabilidade coletiva e justiça individual”.

Informações divulgadas em junho por conta das investigações específicas sobre o atletismo russo, apontavam manipulação com a ajuda direta do Estado dos resultados das análises operados pelo laboratório antidoping de Moscou de, pelo menos, 2011 até meados de 2013. O ministro do Esporte da Rússia era quem avisava quais exames deveriam ser avisados à Agência Mundial Antidoping e quais deveriam ser encobertos.