O derramamento de hidrocarbonetos chegou a uma reserva natural marinha na Venezuela, afetando manguezais e uma área de praia de cerca de quatro quilômetros, denunciaram organizações ambientalistas e o Parlamento opositor.

Vídeos, em sua maioria filmados por pescadores no Parque Nacional Morrocoy, mostram manguezais com raízes escuras por causa do composto, além de uma camada de óleo nas margens das praias desde o domingo passado. A área abriga uma imensa biodiversidade, incluindo quatro tipos de tartarugas em risco de extinção.

“A mancha chegou” ao Parque Nacional Morrocoy, “afetando manguezais e recifes de corais. Não sabemos se é petróleo ou óleo combustível, porque não há um comunicado feito pela PDVSA”, conta à AFP Victoria González, ativista da ONG Azul Ambientalistas.

O local encontra-se fechado ao turismo por causa da pandemia da COVID-19.

Nem a estatal de petróleo PDVSA, nem o Ministério do Petróleo comentaram o ocorrido. A AFP os contatou, mas não obteve resposta.

Declarado parque nacional em 1974, Morrocoy abrange 320 quilômetros quadrados, que incluem cerca de vinte ilhotas com águas cristalinas e areia branca.

A principal preocupação se concentra nos manguezais, “considerados viveiros marinhos porque muitas espécies desovam por lá”, explica González.

“Quando a mancha de óleo o afeta, o mangue morre”.

O vazamento teria se originado na refinaria El Palito (em Carabobo, ao norte), situada a cerca de 60 quilômetros do parque nacional, segundo María Gabriela Hernández, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Nacional, o único poder controlado pela oposição.

Os resíduos desta refinaria, onde o governo Nicolás Maduro concentra esforços na tentativa de reativar a produção de combustível que caiu para níveis mínimos no país, foram derramados no mar devido à “falta de manutenção” nas instalações, de acordo com Hernández, durante uma sessão legislativa virtual.

No entanto, o ministro de Ecossocialismo, Oswaldo Barbera, informou no Twitter que o vazamento “não afetou” a fauna e flora marinha.

Diante do derramamento de “hidrocarbonetos e possíveis derivados”, equipes de “saneamento” foram enviadas, confirmou o Ministério do Ecossocialismo em comunicado.

Ricardo Consuegra, responsável por uma associação que reúne cerca de 300 empresários da área, afirmou que o setor privado e o governo estão trabalhando em conjunto para limpar as praias.

Com uma produção que há 12 anos ultrapassava os 3,2 milhões de barris diários, para o total atual de 400.000 barris, a indústria petrolífera venezuelana vive uma forte crise. Cientistas alertam para danos ambientais por causa da falta de manutenção de cabos e tubulações submarinos.