VATICANO, 27 MAI (ANSA) – O Vaticano classificou nesta terça-feira (27) como “inaceitável” o que está acontecendo na Faixa de Gaza e alertou que os bombardeios israelenses devem parar.
O novo apelo contra a guerra deflagrada entre Israel e o grupo fundamentalista islâmico Hamas desde 7 de outubro de 2022 foi feito pelo secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin.
“O que está acontecendo em Gaza é inaceitável. O Direito Internacional Humanitário deve ser sempre aplicado, e para todos”, declarou o religioso italiano em entrevista à imprensa do Vaticano.
Parolin pediu ainda “que os bombardeios parem e que a ajuda necessária chegue à população”. “Acredito que a comunidade internacional deve fazer todo o possível para pôr fim a esta tragédia”, enfatizou.
Ao mesmo tempo, o secretário do Vaticano reiterou “veementemente” o pedido “ao Hamas para que liberte imediatamente todos os reféns que ainda mantém presos e devolva os corpos daqueles que foram mortos após o ataque bárbaro de 7 de outubro de 2023 contra Israel”.
Além disso, Parolin pediu negociações de paz imediatas sobre a guerra na Ucrânia, mesmo não ocorrendo no Vaticano, como proposto pelo papa Leão XIV.
“Não importa onde as negociações entre russos e ucranianos que todos esperamos serão realizadas”, afirmou ele depois que Moscou recusou o Vaticano como uma possível sede para as conversas diretas entre as partes envolvidas no conflito.
Para Parolin, “o que realmente importa é que essas negociações possam finalmente começar, porque é urgente parar a guerra”.
“Antes de tudo, é urgente um acordo, pôr fim à devastação, às cidades destruídas, aos civis que estão perdendo suas vidas. E então é urgente chegar a uma paz estável, justa e duradoura, portanto aceita e acordada por ambas as partes”, destacou.
O cardeal lembrou também que o “papa Leão XIV deu à Santa Sé plena disponibilidade para sediar quaisquer negociações, com a oferta de um local neutro e protegido”. Portanto, não se trata de uma mediação, pois a mediação deve ser solicitada pelas partes.
“Neste caso, porém, houve apenas a oferta pública de disponibilidade para sediar um possível encontro. Fala-se agora de outros possíveis locais, como Genebra”, explicou.
Sobre o tema da paz, o secretário de Estado prossegue: “Leão XIV segue com firmeza os passos de seus antecessores. Fiquei impressionado com o fato de que, em seu primeiro Regina Coeli, proferido na Loggia central da Basílica Vaticana – ou seja, de onde o papa Francisco abençoou os fiéis pela última vez, falando de paz e desarmamento – o Papa repetiu as palavras de São Paulo VI na ONU: ‘Nunca mais a guerra!'”.
“O Papa e toda a Santa Sé estão comprometidos em construir a paz e em promover todas as iniciativas de diálogo e negociação”, acrescentou.
Para aqueles que falam de um renovado “protagonismo” do Vaticano no cenário mundial, Parolin respondeu, citando Leão XIV, que “devemos desaparecer porque o protagonista é Cristo, os cristãos não se sentem superiores aos outros, mas são chamados a ser um ‘pequeno fermento na massa’, a dar testemunho do amor, da unidade e da paz”.
“Aqui, em vez de falar em ‘protagonismo’, prefiro incluir também iniciativas diplomáticas neste contexto de serviço à paz e à fraternidade”, destacou.
Por fim, Parolin ressaltou o trabalho dos jornalistas e comunicadores, que desempenham uma tarefa “ainda mais preciosa em tempos de guerra”, apelando por uma comunicação “que não se revista de palavras agressivas e nunca separe a busca da verdade do amor com que devemos buscá-la humildemente”.
“Até as palavras podem se tornar instrumentos de guerra, ou podem nos ajudar a nos entender, a dialogar, a nos reconhecer como irmãos”, observou ele, reforçando que “a paz começa em cada um de nós e somos chamados a construí-la a partir da forma como nos comunicamos com os outros”.
“Como explicou o papa Leão XIII, devemos rejeitar o paradigma da guerra também na comunicação”, concluiu. (ANSA).