O Vaticano ordenou nesta segunda-feira à Conferência de Bispos dos Estados Unidos que não se pronuncie em sua Assembleia Geral sobre medidas de combate aos abusos sexuais até a realização, em fevereiro, de uma conferência geral sobre o tema.

O cardeal Daniel DiNardo, presidente da Conferência, confirmou em seu discurso de abertura que recebeu uma carta da Congregação para os Bispos orientando para não realizar qualquer votação envolvendo o assunto nesta Assembleia Geral, como estaria planejado.

O cardeal Blase Cupich, bispo de Chicago, informou que o Vaticano pediu à Conferência o “adiamento” da votação, à espera da reunião das conferências episcopais de todo o mundo, convocada para fevereiro, em Roma.

O cardeal DiNardo revelou sua “decepção” na entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira, durante o primeiro dia da Assembleia Geral, em Baltimore.

A Conferência dos Bispos dos EUA tem questionado regularmente nos últimos anos a gestão do escândalo de abusos sexuais por parte da Igreja Católica dos Estados Unidos, e em outubro anunciou a votação de várias medidas.

O alto clero americano propôs modificar o código de conduta, um novo mecanismo de informação e a criação de uma comissão de investigação composta por membros sem vínculos com a Igreja Católica dos Estados Unidos.

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“Não estamos satisfeitos com isto”, declarou o cardeal DiNardo sobre o pedido da Santa Sé. “Trabalhamos duro para passar à ação e é o que faremos. Isto é apenas um contratempo”.

O escritório do promotor do estado da Pensilvânia emitiu um relatório em agosto passado que detalhava abusos sexuais perpetrados durante várias décadas por cerca de 300 padres contra mais de mil crianças.

O relatório destaca que, no geral, a hierarquia da Igreja ignorou as denúncias e até agiu para proteger os denunciados.

Segundo a organização Bishop Accountability, 6.721 padres foram denunciados por abuso sexual nos Estados Unidos por supostos fatos ocorridos entre 1950 e 2016, envolvendo 18.565 crianças.


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