29/07/2022 - 16:22
A Prefeitura de São Paulo divulgou na última quinta-feira, 28, três casos da varíola do macaco em crianças. São duas meninas de seis anos e um menino de quatro anos de idade. Esses são os primeiros casos de crianças infectadas no país. De acordo com o secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, as crianças apresentaram bolhas na pele (vesículas), febre e dilatação nos gânglios. Os menores estão em suas casas, sendo monitorados.
Além do Brasil, outros três casos de crianças infectadas pela doença foram registrados no mundo. Dois casos nos Estados Unidos e um na Holanda. A informação sobre os dois casos no EUA, foi fornecida pela diretora do CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças), Rochelle Walensky, em entrevista ao jornal Washington Post, na sexta-feira, 22.
De acordo com o levantamento do Ministério da Saúde, até esta quinta-feira, 28, o Brasil havia registrado 1.066 casos da doença. A maioria dos casos ocorreu nos Estados de São Paulo, com 823 infectados, e no Estado do Rio de Janeiro, com 124 casos doentes.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), já ocorreram 18 mil casos da doença em cerca de 78 países. Destes países, o Brasil é o sexto com mais casos. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, afirmou em coletiva nesta quarta-feira, 27, que mais de 70% dos casos da varíola do macaco foram registrados na Europa e 25% nas Américas. Do total dos infectados, 10% tiveram que ser internados para tratar a doença.
Morte no Brasil
Além disso, já foram registradas seis mortes em todo o mundo, uma delas no Brasil, que foi confirmada nesta sexta-feira, 29, pelo Ministério da Saúde. De acordo com a Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais, trata-se de um homem de 41 anos, natural de Uberlândia (MG), que veio a falecer em um hospital de Belo Horizonte (MG) na quinta-feira, 28.
No último sábado, 23, a OMS decretou emergência sanitária global devido à doença. Rosamund Lewis, líder técnica da OMS para o controle da moléstia, afirmou que a situação do Brasil é muito alarmante e que é importante que as autoridades tomem conhecimento da emergência de saúde pública de interesse internacional e tomem as medidas necessárias. Uma das principais ações para se combater a doença é conseguir a vacina, o que garante proteção de 80%, contra o vírus. A vacina está sendo fabricada na Dinamarca. O governo de São Paulo, por seu lado, informou que pretende comprar doses ou produzi-las no Instituto Butantan. No momento atual não é recomendado pela OMS a vacinação total da população, mas a aplicação de doses em pessoas que foram expostas diretamente ao vírus ou profissionais de saúde, que estão em risco maior de contrair a doença.
Segundo Mario Gonzales, infectologista do Hospital Emilio Ribas a contaminação pode ocorrer, antes do infectado apresentar qualquer sintoma. “Algumas pessoas já podem transmitir o vírus um pouco antes de apresentar sintomas, de 4 a 8 horas antes de surgirem as lesões de pele. O que estamos observando é que há espectro de sintomas e lesões. Pode variar de lesão única na pele a milhares de lesões na pele. Tem pessoas que tem algo muito leve e por conta disso nem cancelam os compromissos que elas têm, vão a festas, bares, fazem encontros íntimos, mantêm relações com outras pessoas e podem continuar transmitindo.”
Segundo Rafael Rossato, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros/Icmbio, mesmo que a doença tenha esse nome, não é transmitida pelo macaco. “Só tem esse nome porque foi descoberta a primeira vez o vírus em um macaco em um laboratório, e o macaco é só mais um animal acometido pela doença. A transmissão tem ocorrido de pessoa para pessoa. Os macacos só tem levado a fama no nome mesmo. É um problema para os macacos, porque aí, por falta de informação e desconhecimento, muitas vezes esses animais são agredidos, expulsos ou até mortos. Isso aconteceu muito com a febre amarela também”, afirma Rossato.
A principal forma de contágio, tem sido o contato físico prolongado, com alguém infectado. Por meio de secreções das lesões da pele, gotículas do sistema respiratório e mucosas. Mas também pode ocorrer por meio de contato com objetos contaminados, com fluídos de pacientes infectados, como toalhas ou lençóis.