Louco de alegria e logo devastado, o técnico Josep Guardiola viveu uma verdadeira montanha-russa emocional na quarta-feira com o Manchester City na Champions. O destaque da partida foi o assistente de vídeo (VAR), cuja “revolução dos sentimentos” segue gerando debate.

O técnico espanhol acreditava que o City tinha conseguido buscar a vaga nas semifinais da Champions quando seu atacante Raheem Sterling conseguiu balançar as redes do goleiro francês do Tottenham Hugo Lloris, nos acréscimos de uma partida louca no Etihad Stadium de Manchester.

Guardiola gritou de alegria, fechou os punhos, comemorou como um torcedor… até que o árbitro invalidou o gol por impedimento, após o VAR entrar em ação e perceber a irregularidade na origem da jogada.

“Todos que dizem que o VAR ia destruir a emoção no futebol tinham que ter estado aqui”, declarou o jornal The Times.

“O VAR foi introduzido para suprimir as sequências dramáticas, mas aconteceu exatamente o contrário”, disse o The Daily Mail, outro jornal britânico, para descrever os momentos de enorme tensão e emoção vividos no confronto inglês das quartas de final da Champions.

“Do inferno ao paraíso”, foi como o zagueiro Toby Alderweireld definiu o que ele e os companheiros de Tottenham viveram em Manchester. Os Spurs já haviam sofrido e comemorado com o VAR minutos antes, aos 29 minutos do segundo tempo, quando o gol de Fernando Llorente foi analisado e em seguida validado após suspeita de mão na bola do atacante espanhol.

O debate já agitava os analistas e torcedores antes do fatídico confronto entre City e Tottenham. A chegada do VAR à Liga dos Campeões não fez mais do que dar um alto-falante ainda maior às discrepâncias entre defensores e detratores.

Para muitos críticos da tecnologia, o novo sistema perverte de alguma forma a essência do futebol, construída durante décadas por momentos de alegria imediata e erros que entraram para a história.

– Matar os sentimentos –

“Todos precisamos de mais tempo para nos adaptar a esta revolução dos sentimentos”, escreveu nesta quinta-feira o diário esportivo francês L’Équipe, que comemorou “um jogo de volta excepcional de quartas de final” entre Manchester City e Tottenham. Para este diário, o VAR “desenha uma forma de justiça com atraso que nos deixa transtornados”.

Outros são mais pessimistas com a ação da tecnologia no futebol.

O VAR” divide as emoções em duas, não nos atrevemos a reagir no momento. Em seguida, reagimos diante da decisão do VAR ao invés de fazê-lo pelo gol”, escreveu a revista especializada Cahiers du Football.

Há dois anos, quando o VAR dava seus primeiros passos na França durante um amistoso entre França e Espanha (vitória espanhola por 2-0), a questão preocupou muito os torcedores e os jogadores.

A tecnologia “matou um pouco nosso jogo”, declarou o lateral francês Layvin Kurzawa. “Todo mundo comete erros, os árbitros também, e isso fazia parte do futebol, deveria continuar assim”.

“Não é desestabilizante, mas incomoda porque é preciso esperar para poder comemorar um gol”, opinava o astro Antoine Griezmann, que foi privado de um gol por impedimento detectado pelo VAR.

Já o goleiro da França Hugo Lloris admitiu que as decisões do VAR eram justas, mas lamentou o fato de que o uso da tecnologia no futebol “pode matar as sensações após um gol”.

O mesmo Lloris que na quarta-feira viu o Tottenham conseguir a classificação às semifinais da Liga dos Campeões graças ao VAR.

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