Vanke evita calote imediato com aval de credores e reforça visão de apoio estatal limitado

A Vanke conseguiu evitar um default imediato ao obter a aprovação de credores para estender o período de carência de um de seus títulos, em um movimento que evidencia o agravamento das dificuldades financeiras da incorporadora chinesa e reforça a percepção de apoio estatal limitado ao setor imobiliário.

De acordo com comunicado divulgado no mercado interbancário da China, os investidores autorizaram a prorrogação do prazo adicional para pagamento, dando fôlego temporário à companhia. Em contrapartida, foi rejeitada uma proposta que previa mudanças mais amplas no cronograma de pagamento da dívida, sinalizando cautela dos credores diante de uma reestruturação mais profunda.

A decisão afasta, por ora, o risco de calote, mas reforça a leitura de que a Vanke enfrenta crescente pressão de liquidez em meio ao prolongado enfraquecimento do mercado imobiliário chinês. Analistas avaliam que a necessidade de renegociar prazos com investidores é um indicativo clássico de estresse financeiro, ainda que não caracterize inadimplência formal. Para o Morgan Stanley, o caso da Vanke reforça a percepção de que a empresa deixou de ser “grande demais para quebrar”, em um ambiente no qual o governo busca evitar sinais de complacência com incorporadoras excessivamente endividadas.

Avaliações recentes indicam que Pequim tem evitado intervenções diretas para socorrer grandes incorporadoras, buscando não incentivar excessos de alavancagem. O Morgan vê pouca chance de novos resgates, enquanto a Debtwire afirma que as medidas anunciadas até agora tiveram efeito limitado e não devem resultar em um estímulo relevante ao setor imobiliário em 2026.

Economistas alertam que a fraqueza persistente do setor imobiliário – que já respondeu por cerca de um quarto do PIB da China – continua pesando sobre a confiança do consumidor e a atividade econômica. O Barclays aponta que a queda prolongada do mercado imobiliário tende a reforçar ciclos negativos entre o setor, o mercado de trabalho e as expectativas de deflação.

*Com informações da Dow Jones Newswires