O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, esclareceu a política da instituição de manter as taxas de juros baixas “por um período estendido”, ressaltando que o Japão não está nem perto de um aperto na política monetária. Segundo ele, a diretriz introduzida em julho significa que o banco manterá suas metas para a taxa de juros no curto e no longo prazo “por um período razoavelmente longo de tempo”.

Kuroda realizou um discurso para lideranças empresariais em Osaka. De acordo com a autoridade, a diretriz não foi baseada em um período específico de tempo, mas isso não significa que os juros muito baixos seguirão em vigor indefinidamente.

A economia japonesa está em uma trajetória de recuperação, contudo o crescimento dos preços e dos salários segue lento após mais de uma década de deflação. Nessas circunstâncias, o BC japonês precisa estar de olho nos efeitos positivos e negativos da política de relaxamento “de um modo equilibrado”, comentou Kuroda.

Na semana passada, o banco central manteve a política monetária, após fazer vários ajustes em julho a fim de se preparar para uma batalha mais longa que a esperada para impulsionar a inflação, que ainda não atinge a meta de 2% do BoJ.

Nesta terça-feira, Kuroda disse, por exemplo, que permitir que o juro do bônus de 10 anos do governo do Japão (JGB, na sigla em inglês) se mova em uma faixa mais ampla mitigará os efeitos colaterais do relaxamento, incluindo a baixa volatilidade nos mercados, e facilitará a formação de uma curva de juros apropriada. Isso levará mais adiante a uma “sustentabilidade da política”, argumentou, apontando que também é monitorado de perto os efeitos da política mais relaxada sobre os bancos.

Kuroda comentou ainda o quadro no comércio global. Segundo ele, as políticas protecionistas não beneficiam nenhuma economia. “As medidas protecionistas excessivas devem terminar em algum momento”, previu, pedindo a continuação de discussões globais para garantir que medidas protecionistas não desestabilizem os mercados.

O presidente do BoJ disse também que é necessário prestar atenção para os efeitos da normalização da política monetária conduzida por outros bancos centrais, como o Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Em relação ao câmbio, Kuroda afirmou que é preferível que as taxas cambiais se movam de modo mais estável, refletindo os fundamentos econômicos. Fonte: Dow Jones Newswires.