O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, comemorou o avanço das ações do banco e, consequentemente, do valor de mercado da instituição durante a gestão atual. “Quando essa gestão assumiu o BB, a ação do banco estava a R$ 15,40, com um valor de mercado de R$ 44 bilhões. Ontem, nossa ação foi a R$ 41,12 e hoje passou de R$ 42,80 (para um valor de mercado de cerca de R$ 118 bilhões)”, afirmou ele, em entrevista coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira, 22.

Segundo ele, o “nome do jogo” do BB neste ano é “mercado de capitais e conveniência do cliente”. O executivo reforçou o foco em melhorar o retorno da instituição e aumentar receitas, bem como em pessoas e no cliente.

Em relação ao desempenho da economia, o presidente do BB espera que a trajetória de retomada continue, com o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescendo 2,8% neste ano. Segundo ele, tal crescimento será puxado pelos segmentos de consumo e de agronegócios.

Melhor retorno

O presidente do Banco do Brasil afirmou que a instituição seguirá com a mesma estratégia neste exercício, debruçada em melhorar o seu retorno. Portanto, segundo ele, 2018 será melhor que o ano passado. “O tamanho do banco tem de ser adequado à sua capacidade de gerar resultados”, comentou.

Caffarelli destacou que o banco se adequou para ter competitividade e que o resultado de 2017 consolida um trabalho que buscou garantir força e dinamismo necessários para atuar no contexto atual. Do lado da inadimplência, ele destacou que a queda no quarto trimestre, a segunda consecutiva, reforça a tendência de melhora contínua dos calotes da instituição.

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O executivo disse ainda que o BB está preparado para entregar a meta de capital principal de, no mínimo, 9,5% em janeiro do ano que vem e reforçou a nova meta de ao menos 11% para 2022. “Tentaremos 12%”, acrescentou ele.

Estrutura

Em termos de estrutura, Caffarelli afirmou que o banco pretende inaugurar 85 escritórios exclusivos em 2018 e encarteirar 4,6 milhões de clientes de alta renda, que geram melhores receitas para o banco. Para compensar a queda dos spreads, com os juros menores, o BB, conforme o executivo, vai priorizar o segmento de pessoas físicas, principalmente crédito consignado (com desconto em folha), ante o corporativo.

Em 2017, o lucro líquido do banco totalizou R$ 11,1 bilhões, 54,2% maior na comparação com o exercício anterior, de R$ 7,171 bilhões. Segundo o BB, o desempenho também reflete o crescimento das receitas de tarifas e serviços, menos gastos com calotes e ainda maior eficiência com o controle das despesas administrativas.

Com o lucro do ano passado, o resultado do BB ficou no centro das suas projeções para 2017. Isso porque o banco havia divulgado ao mercado que esperava que seu lucro líquido ajustado ficasse entre R$ 9,5 bilhões e R$ 12,5 bilhões.

Rentabilidade

O Banco do Brasil não está satisfeito com a sua rentabilidade atual e seguirá debruçado para reduzir “drasticamente” a distância existente em relação aos seus competidores, de acordo com o presidente da instituição. “Estamos contentes, mas não satisfeitos (com o patamar atual do retorno do banco). Seguimos focados em reduzir drasticamente a distância de resultado em relação aos nossos competidores”, afirmou o executivo.

O retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) no quesito mercado do BB foi a 14,5% no quarto trimestre, melhora de 1,7 ponto porcentual em relação ao terceiro trimestre, quando o indicador ficou em 12,8%. Em 12 meses, o índice cresceu 5,8 p.p. Já no consolidado de 2017, a rentabilidade do BB atingiu 12,3% contra 8,8% no ano anterior.

Caffarelli afirmou ainda, ao comentar sobre eventuais mudanças no cheque especial, que os bancos precisam se adequar em cenário de economia estabilizada. “Os bancos têm de ter capacidade de gerar resultado em um cenário de economia estável”, destacou ele.

Venda de ativos

O Banco do Brasil não considera a venda de ativos não core business para entregar as suas metas de capital, de acordo com o presidente da instituição “Se ocorrer qualquer venda de ativos até 2019, apenas reforçará o nosso capital. A melhora do nosso capital se dará de forma orgânica”, disse ele, em coletiva de imprensa, acrescentando que o BB segue olhando oportunidades de desinvestimentos de ativos que não são core do banco.


Caffarelli voltou a negar, contudo, que o banco argentino Patagônia esteja à venda. Afirmou ainda que os planos para um re-IPO da instituição continuam, mas que uma eventual oferta depende das oportunidades no mercado.

Inadimplência

O presidente do Banco do Brasil afirmou também que a inadimplência da instituição vai cair ao longo de 2018 e, ainda mais, a partir do terceiro trimestre deste ano. No quarto trimestre, o índice de calotes, considerando atrasos acima de 90 dias, do BB recuou pelo segundo trimestre consecutivo. Foi a 3,74% ao final de dezembro, melhora de 0,2 ponto porcentual em relação ao período imediatamente anterior, de 3,94%.

O BB espera que o seu índice de inadimplência melhore ainda mais após a resolução do caso específico que ainda pesa no indicador do banco. Sem casos específicos, a inadimplência acima de 90 dias do banco teria sido de 3,32% ao final de dezembro, contra 3,52% em setembro.

Sobre o guidance para despesas com provisões para devedores duvidosos, Caffarelli afirmou que a projeção do banco não é conservadora quando comparada aos pares privados. As despesas de provisões para devedores duvidosos (PCLD) líquidas de recuperação de operações em perdas do banco devem somar de R$ 19 bilhões a R$ 16 bilhões neste ano. Em 2017, a faixa estimada ia de R$ 23,5 bilhões a R$ 20,5 bilhões, sendo que esses gastos foram de R$ 20,1 bilhões, no piso do guidance.

O vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do BB, Márcio Hamilton Ferreira, lembrou que no ano passado a queda já foi “expressiva” e que o guidance para provisões resulta da consequência do mix da carteira de crédito do banco para 2018. “Consequência é a provisão. (O guidance para provisões) é a consequência do ponto de vista de carteira”, reforçou ele.


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