A relação de Valentina Herszage, 26 anos, com o cinema começou ainda na infância. A atriz integra o elenco de Ainda Estou Aqui, longa que recebeu três indicações ao Oscar.
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A atriz relata, ao jornal O Globo, que seu pai estabeleceu um ritual de assistir a filmes com ela nos finais de semana. Um dos favoritos da família era Hair, dirigido por Milos Forman.
“Em determinadas cenas, levantávamos do sofá e reproduzíamos a coreografia”, recorda a atriz.
Esse vínculo familiar esteve presente no momento em que Valentina recebeu a ligação do diretor Walter Salles. Ela estava na casa do pai e descreve a reação de ambos: “Eu e meu pai piramos. Pulamos, gritamos, foi uma festa.”
Após o teste, veio o convite para interpretar Vera, filha de Eunice (Fernanda Torres) e Rubens Paiva (Selton Mello).
“Walter me falou: ‘Valentina, gostaria muito que você fizesse a Veroca’. Saí de lá em êxtase e me atraquei com o maior pedaço de bolo de chocolate que encontrei pelo caminho”, contou.
O filme foi indicado ao Oscar nas categorias Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, por Fernanda Torres.
Início na atuação e trajetória
A atriz é filha de uma psicanalista e um agente de viagens, Valentina teve o interesse pela arte incentivado desde cedo.
Durante sua infância e adolescência, foi matriculada em cursos de teatro, circo e sapateado, participando de curtas-metragens e peças teatrais.
Aos 15 anos, venceu o prêmio de Melhor Atriz no Festival do Rio por sua atuação no filme Mate-me Por Favor.
Hoje, com uma carreira consolidada, Valentina avalia o impacto de Ainda Estou Aqui, que já atingiu 4 milhões de espectadores.
“A partir dele, as pessoas passaram a conhecer melhor a minha trajetória”.
A atriz destaca a experiência nos bastidores de Ainda Estou Aqui.
“Foi um set muito amoroso. Walter dá importância de protagonista para cada ator, e isso faz toda diferença.” Sobre Fernanda Torres, Valentina relembra os momentos compartilhados: “Fazíamos crochê juntas; às vezes, falando muito; em outras, sem dizer uma palavra.”
Fernanda, por sua vez, comenta: “A Valentina é nossa Greta Garbo. Sua disponibilidade para o palco e as telas e seu humor carioca fazem dela uma atriz sem estrelismo, guiada pelo prazer do fazer.”
Desafios e transformações
Interpretar Vera exigiu de Valentina novas abordagens.
“Sempre fui mais certinha. Então, interpretar a Veroca, que era ligada em som, liberdade e sensações, foi desafiador.”
Ela relata que buscou inspiração na cantora Gal Costa para compor a personagem.
Walter Salles, diretor do longa, elogia o trabalho da atriz. “Valentina foi uma das primeiras escolhas para o filme. Seu foco, inteligência emocional e inquietude foram fundamentais para dar vida à personagem.”
Temas sociais e vida pessoal
No filme, sua personagem é vítima de violência policial.
Ela observa: “Essa sensação de estar acuada, hoje, acontece entre as pessoas de classes sociais menos privilegiadas. Defendo a liberação da maconha, mas acredito que é um tema complexo.”
Valentina também estrelou As Polacas, dirigido por João Jardim, que aborda o tráfico sexual no início do século XX. “Muita gente se identificou com o filme, trazendo histórias próprias. Minha profissão me permite trazer à luz essas questões.”
Na vida pessoal, Valentina vive um relacionamento de dois anos e meio com o empresário Gabriel Capobianco. Morando sozinha desde os 19 anos, ela valoriza essa independência, mas sonha com o futuro: “Desejo ser mãe um dia.”
Nas redes sociais, a atriz mantém um perfil discreto. “Já perdi um papel por causa do número de seguidores, mas estou aprendendo a me expor mais. Recentemente, postei sobre os bastidores do filme, e o crochê com a Fernanda atraiu várias pessoas.”
Valentina também se prepara para novos projetos, como o telefilme Coisa de Novela, previsto para abril. Na obra, contracena com Susana Vieira, que elogia a atriz: “Conhecer Valentina foi uma das melhores coisas que me aconteceram em 2024.”