Vale envia seu briquete de minério de ferro para testes com cliente na Europa

Vale envia seu briquete de minério de ferro para testes com cliente na Europa

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Vale realizou na semana passada embarque para o primeiro teste internacional em alto-forno de seu briquete de minério de ferro, um produto desenvolvido pela mineradora que visa reduzir em até 10% as emissões de CO2 da siderurgia, informou a companhia em nota nesta segunda-feira.

O teste está previsto para ocorrer no início do próximo mês nas instalações de um cliente na Europa, cujo nome não foi revelado. Foram embarcadas 8 mil toneladas do produto a partir do Terminal Multicargas do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), em direção ao Porto de Roterdã, na Holanda.

Além do desempenho do produto em alto-forno, também será testado o comportamento do briquete durante o transporte transoceânico, previsto para durar 20 dias.

A expectativa da Vale é que os testes na Europa repitam os resultados alcançados no Brasil, onde o briquete resistiu às exigências do processo, permitindo a manutenção da produção e dos parâmetros operacionais do alto-forno. No Brasil já foram testadas industrialmente 70 mil toneladas do briquete em seis diferentes altos-fornos, totalizando 126 dias de uso.

“Podemos com os testes industriais ganhar a confiança de parceiros estratégicos que serão os líderes na utilização do briquete nos próximos anos”, disse em nota o diretor de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da Vale, Rogério Nogueira.

O briquete da Vale é produzido a partir da briquetagem de finos de minério de ferro e uma solução tecnológica de aglomerantes que permite alcançar elevada resistência mecânica em baixas temperaturas.

A carga embarcada foi produzida em uma planta de demonstração em Pindamonhangaba (SP). A Vale está construindo ainda duas plantas de briquete na Unidade Tubarão, em Vitória (ES), com capacidade de 6 milhões de toneladas por ano.

O início da operação da primeira planta está previsto para o final do primeiro semestre.

A Vale frisou que o produto pode substituir sinter, pelota e granulado em altos-fornos e pelota em fornos de redução direta, “reduzindo a emissão de poluentes e gases de efeito estufa quando comparado aos processos tradicionais de aglomeração de minério de ferro (pelotização e sinterização)”.

A substituição da etapa de sinterização, segundo a mineradora, é o que permite a potencial redução das emissões de carbono em até 10%.

Anunciado pela Vale em 2021, o briquete faz parte dos planos da empresa para alcançar o seu compromisso de reduzir em 15% as emissões líquidas de escopo 3 até 2035.

A empresa também tem como meta reduzir suas emissões absolutas de escopo 1 e 2 em 33% até 2030 e alcançar neutralidade até 2050, em linha com a ambição do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC até o fim do século.

A mineradora afirmou ainda que foram assinados memorandos de entendimento com mais de 30 clientes para estudar a implantação de soluções de descarbonização, entre elas a construção de plantas de briquete nas instalações de alguns clientes.

(Por Marta Nogueira)

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