MILÃO, 15 DEZ (ANSA) – Milhares de pegadas de dinossauros datadas de mais de 200 milhões de anos atrás foram encontradas em um parque nacional no extremo-norte da Itália, em uma das maiores descobertas paleontológicas da história do país.
O anúncio foi feito pelo governo da Lombardia e pelo paleontólogo Cristiano Dal Sasso, pesquisador do Museu de História Natural de Milão e que descreveu um “verdadeiro vale dos dinossauros com quilômetros de extensão”. “É o maior sítio arqueológico dos Alpes e um dos mais ricos do mundo”, afirmou o especialista.
As pegadas foram descobertas no Parque Nacional Stelvio, nos Alpes italianos, e foram deixadas por manadas de grandes herbívoros há cerca de 210 milhões de anos.
Reconhecíveis em paredões rochosos de dolomita (mineral que dá nome à cadeia montanhosa mais famosa do norte da Itália) quase verticais, as marcas formam trilhas com centenas de metros de comprimento e estão tão bem preservadas que algumas apresentam até sinais de dedos e garras.
“Essa é provavelmente a descoberta paleontológica mais importante sobre dinossauros italianos depois de Ciro”, explicou Dal Sasso à ANSA, em referência ao primeiro fóssil de dinossauro encontrado na Itália, nos anos 1980.
“Este lugar estava repleto de dinossauros: é um imenso patrimônio científico que exigirá décadas para ser estudado, até porque o local não é acessível por trilhas e, para examinar as pegadas, teremos de usar drones e tecnologias de sensoriamento remoto”, acrescentou o paleontólogo.
A marcha paralela dos dinossauros “é uma clara evidência de manadas se movendo em sincronia, e também há vestígios de comportamentos mais complexos, como grupos de animais se agrupando em círculos, talvez para defesa”, especificou o especialista.
Esses espécimes se moviam ao longo das margens banhadas pelas águas quentes do Oceano Tétis (que existiu entre 250 milhões e 50 milhões de anos atrás), em um ambiente semelhante ao das áreas tropicais atuais, com planícies de maré que se estendiam por centenas de quilômetros.
A posição quase vertical das pegadas não é a original, mas sim uma consequência das deformações geológicas que levaram à elevação da cordilheira alpina.
A descoberta se deve ao fotógrafo de natureza Elio Della Ferrera, que visitava a região em 14 de setembro para retratar a vida selvagem e, durante a excursão, notou pegadas expostas (algumas com até 40 centímetros de diâmetro) e tirou as primeiras fotos, que enviou imediatamente a Dal Sasso.
De acordo com as análises iniciais, as pegadas podem pertencer a dinossauros prossaurópodes do Triássico Superior (entre 237 milhões e 201 milhões de anos atrás), herbívoros de pescoço comprido e cabeça pequena considerados ancestrais de grandes saurópodes do Jurássico (entre 201 milhões e 143 milhões de anos atrás), como o Brontossauro.
De constituição robusta, os prossaurópodes possuíam garras afiadas nas mãos e nos pés, e algumas espécies adultas podiam atingir 10 metros de comprimento. (ANSA).