A mineradora Vale inaugura hoje, com presença do presidente Michel Temer, o maior investimento privado feito no País nesta década – o complexo S11D, da Vale, uma obra de US$ 14,3 bilhões, para extrair minério de ferro de baixo custo no meio da Floresta Amazônica, no Pará. O evento aconteceria na quinta-feira, mesmo dia em que o presidente lançou o pacote de medidas de incentivo à economia. Foi adiado a pedido de Temer, que chega ao local em um momento em que a Vale dispensa empregados – foram 7,2 mil cortes desde julho. Neste semestre, 1,2 mil trabalhadores foram demitidos a cada mês, entre próprios e terceirizados, apesar de 8 mil ainda permanecerem no canteiro de obras.

No auge da construção, em 2015, cerca de 15,7 mil chegaram a trabalhar no superprojeto instalado no município de Canaã do Carajá, no sudeste paraense. Aberta a mina e instalados usina e logística, esse número caiu para 1,6 mil pessoas. Quando o S11D começar a operar comercialmente, em janeiro, chegarão a 2,7 mil pessoas, contingente muito inferior aos 7 mil da mina de Carajá, ao Sul, que funciona no município vizinho de Parauapebas, desde 1985.

Automação, redução do custo com mão de obra, energia elétrica e manutenção garantem a economia no S11D, em um ambiente internacional de baixas cotações do minério de ferro. O custo do produto pronto para ser exportado no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís do Maranhão (MA), é de US$ 7,70 por tonelada, 41% menor do que a Vale alcança em sua média.

Os números do projeto são tão bons que, se a demanda aumentar e as cotações permitirem, a mineradora vai priorizar o aumento da produção no S11D e não em qualquer outra mina da região Norte do País, segundo o diretor de Operação Ferrosos Serra Sul, Josimar Pires. “O uso de correias, em vez de caminhões é uma das principais razões para o custo tão baixo do projeto”, afirmou.

Potencial. O projeto nasce com capacidade de produção de 90 milhões de toneladas por ano (Mtpa), mas a produção está limitada a 75 Mtpa por restrições logísticas. Enquanto aguarda as condições do mercado melhorarem, ao mesmo tempo em que evita inundar o mercado com mais minério, a Vale escalona a utilização dessa capacidade total, que só será atingida em 2020. Inicialmente, o plano era alcançar esse volume em 2018.

O S11D é apenas um pedaço de uma grande área sob concessão da Vale, com potencial para produzir 10 bilhões de toneladas de minério de ferro. Juntos, o bloco D, inaugurado hoje, e o C, ainda sem data para ser explorado, somam reservas de 4,24 bilhões de toneladas.

O projeto sai do papel após 15 anos de sua idealização. A licença prévia saiu em 2012, quatro anos antes do Ibama liberar a operação. Por estar na Floresta Nacional de Carajá, unidade de conservação ambiental, os técnicos do instituto ficaram receosos com os prejuízos que o S11D poderia causar. O projeto tem a vantagem, porém, de não contar com barragem de dejetos, o que evita a repetição de desastres como o de Mariana (MG). No projeto, o ultrafino de minério, com alto teor de ferro, que iria para a barragem, não será descartado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.