O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, reforçou nesta segunda-feira, 14, em teleconferência com analistas, que as mudanças na governança aprovadas para a Vale terão efeito antes mesmo de efetivada sua migração para o Novo Mercado.

“Para ter os benefícios da nova governança a Vale não precisa chegar a esse último passo. Isso vem após a incorporação da Valepar”, disse Siani. A holding que reúne os acionistas do bloco de controle da Vale será incorporada pela companhia ainda nesta segunda.

Entre outras coisas, pelo menos 20% do conselho de administração da Vale passará a ser composto por membros independentes, haverá direito de tag along para os acionistas em caso de venda de controle e nenhum acionista poderá ter mais que 25% das ações, a menos que realize uma oferta pública de aquisição para os demais. A companhia também extinguirá as reuniões prévias às do conselho, realizadas pelos membros da Valepar.

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, reafirmou que não vê oportunidade de sequer considerar o uso de recursos da companhia para a recompra de ações em uma segunda janela de conversão. Ele indicou que a Vale será proativa em buscar uma alternativa para a conversão dos papéis preferenciais remanescentes.

Previsão de migração

A Vale quer acelerar o processo de migração para o Novo Mercado, mas ainda não tem uma data fechada para isso. Em teleconferência, Schvartsman disse que é possível que a listagem no segmento ocorra ainda em 2017. “Não é certo, mas é possível que isso ocorra ainda dentro desse ano.”

Os advogados da Vale estão debruçados sobre as opções para atingir os 100% de ações ordinárias exigidos pela B3 (antiga BM&FBovespa) para a migração. As opções são abrir uma segunda janela de conversão voluntária, anunciar uma conversão obrigatória ou simplesmente não fazer nada.

Uma hipótese é que seja convocada uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) dos preferencialistas remanescentes. No caso de aprovação por eles, a conversão seria mandatória. Schvartsman disse não poder precisar qual seria a relação de troca para a conversão nesse caso. “A única coisa que posso garantir é que será dado um tratamento justo a essa questão. Se a taxa será X ou Y não tenho condição de falar, é prematuro”, afirmou.

Uma operação de conversão mandatória ensejaria o direito de retirada da companhia para os acionistas dissidentes. O presidente da Vale garantiu que não será preciso utilizar recursos da mineradora para reembolsar esses investidores. Isso porque o direito de recesso, se houver, é calculado com base no valor patrimonial da participação que, segundo o executivo, hoje é bem inferior ao valor das ações.

“Como as pessoas que não converteram (os papéis preferenciais em ordinários) não eram contra, mas não podiam ou não sabiam (da conversão), a gente acredita que ninguém vai pedir resgate de coisa nenhuma”, disse.