Muitas pessoas gostariam de deixar o emprego tradicional e ter o próprio negócio, seja para ganhar mais ou por não estarem mais satisfeitas com o atual ambiente de trabalho. Segundo levantamento da LCA Consultores, divulgado em junho, o Brasil registrou 6,175 milhões de pedidos de demissão de maio de 2021 a maio de 2022. Isso equivale a 33% do total de desligamentos no período (18,694 milhões), ou seja, um a cada três trabalhadores pediram demissão no país. Clara do Vale, especialista em marca pessoal e transição de carreira, explica que o primeiro passo antes de largar a carteira assinada é descobrir se a pessoa possui o perfil para iniciar nessa nova jornada. Quem pensa que vai trabalhar menos ao se tornar empresário por não ter mais chefe está completamente enganado. É justamente o contrário.
“Não acredito que a gente “vire” empreendedor. Ou você é ou não é. Acredito em trabalho sério, não importa o formato. Quem é mais metódico, conservador e menos ousado pode ser atropelado pela dinâmica que o empreendedorismo exige. O mercado precisa dessas características. Agora, quem é naturalmente mais dinâmico, resolutivo, criativo e maneja melhor a lida diária com riscos e decisões fora da zona de conforto com maior naturalidade, tem mais chances de atuar como um ótimo empreendedor”, acredita Clara do Vale.
A CLT atrai muitas pessoas, pois a legislação trabalhista prevê uma série de benefícios e seguranças para o profissional. Além do salário, as férias remuneradas e o décimo terceiro, muitas empresas oferecem benefícios próprios como seguros saúde e dental, bônus de fim de ano e participação nos lucros. No entanto, Clara do Vale ressalta que, apesar de parecer tentador se manter em serviços tradicionais, atualmente é o melhor momento para trabalhar para si.
“Se você tem aptidão para o empreendedorismo, já percebeu que isso está presente em sua vida há algum tempo e tem um trabalho sério para oferecer, saiba que você nunca esteve num melhor momento para atuar como agora. A internet quebra barreiras geográficas, amplia o alcance de suas campanhas de vendas e eleva suas possibilidades de faturamento e reconhecimento do seu nome”, ressalta Clara do Vale, que enxerga nas plataformas de redes sociais – Instagram, Facebook e YouTube -, um caminho facilitador para qualquer tipo de negócio.
Início de uma transição de carreira
Para quem deseja iniciar o processo de sair da CLT para começar o próprio negócio, Clara do Vale ensina como dar os primeiros passos. Atualmente, ela trabalha como mentora de mulheres em marca pessoal e vendas de alto ticket, mas já esteve do outro lado. “O primeiro passo para uma mudança como essa é definir qual nicho será o mais frutífero para você trabalhar. Aplico com minhas alunas um método para definição de nicho que chamo de ‘HEPA’. O ‘HEPA’ possui quatro etapas, que são pontos onde você é: Habilidosa, Experiente, Procurada e Apaixonada. Tudo começa com a listagem das suas habilidades, ou seja, aquilo que você faz bem e com certa facilidade. Depois, sugiro que se faça uma espécie de mapa das suas experiências, para reconhecer em qual das habilidades você tem maior resultado prático, qual mais pode lhe gerar renda caso você passe a cobrar por isso. A terceira etapa é observar se esse tipo de habilidade e experiência tem demanda, ou seja, se as pessoas costumam lhe procurar buscando ajuda nesse assunto e se elas pagariam pelas soluções que você serve. E, por último, valide se você é apaixonada pelo assunto e vá em frente”, diz a empresária.
Definidos esses pontos, Clara do Vale explica que é necessário colocar a mão na massa. “Eu sou nutricionista de formação há 10 anos, atuei por um tempo no CLT e rapidamente notei que empreender era o formato de trabalho onde eu gerava mais resultado. Larguei o CLT e, depois de alguns anos consolidando minha marca no off-line, em 2017 decidi levar meu trabalho para o on-line, como mentora em assuntos de nutrição e rotina. Estava construindo meu negócio online nesse segmento e já tendo sucesso. Um dia, fui procurada por uma aluna que queria mentoria comigo não sobre nutrição, mas sobre negócios digitais, e foi nesse momento que vi uma nova oportunidade de negócio num assunto que já queria trabalhar há algum tempo. Percebi que eu dominava algo no segmento dos negócios que muitas profissionais da minha área demandavam e que eu poderia ensinar. Migrei minha comunicação de lugar e construí uma empresa multimilionária no segmento de marca pessoal, vendas de alto ticket e negócios digitais. Se manter atenta às oportunidades é muito inteligente”, detalha Clara do Vale.