O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que “houve um planejamento de golpe” de Estado no Brasil, mas negou que tenha ocorrido crime. Ainda segundo o cacique da sigla, o “grande problema” está nos atos do 8 de janeiro de 2023, aos quais classificou de “bagunça”. A declaração ocorreu no sábado, 13, durante participação no painel Rocas Festival, evento de do setor equino realizado em Itu, no interior de São Paulo.
“Houve um planejamento de golpe mas não houve um golpe” – Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, partido de Jair Bolsonaro.
Excelente, Valdemar, é isso!
Ninguém foi preso por ter dado golpe, mas por planejar e dar início num plano que culminaria no golpe.
Entendeu certinho! pic.twitter.com/qXH1MStNNU
— William De Lucca (@delucca) September 15, 2025
“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil a lei diz o seguinte: ‘se você planejar um assassinato, mas não fez nada, não tentou, não é crime’. O golpe não foi crime. O grande problema nosso é que teve aquela bagunça no 8 de Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe. Olha só, que absurdo, camarada com pedaço de pau, um bando de pé de chinelo quebrando lá na frente e eles falam que aquilo é golpe”, pontuou Costa Neto, que também chegou a dizer que os atos teriam sido organizados pelo PT.
Na ocasião, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
Em outro momento do evento, o presidente do PL defendeu um projeto de anistia e afirmou que o objetivo da oposição nas eleições de 2026 é fazer maioria no Senado Federal. Segundo estimativa dele, o campo deve eleger um mínimo de 45 senadores.
Costa destacou que, em eventual união de figuras como Bolsonaro, e os governadores Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO), Tarcísio de Freitas (SP) e Ratinho Júnior (PR), a oposição vence o pleito.
Na sua concepção, no entanto, os únicos nomes que ganhariam do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seriam Bolsonaro, Tarcísio e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. De acordo com Costa Neto, o ex-presidente será o responsável por escolher os nomes do candidato e vice da chapa.
Bolsonaro condenado
No dia 11 de setembro, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal formou maioria para condenar Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado.
O ex-presidente recebeu pena de 27 anos e três meses de prisão. Antes, a Corte já tinha aprovado por 4 a 1 a condenação do ex-presidente por cinco crimes: tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Para os ministros, há provas robustas sobre a participação de Bolsonaro na articulação do plano golpista.
Votaram à favor da condenação os ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. O ministro Luiz Fux foi o único que divergiu da pena aplicada ao ex-presidente.
A Corte ainda condenou os ex-ministros Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa). O STF também condenou o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do Planalto e delator no processo, e do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos e do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro.