SÃO PAULO, 4 MAR (ANSA) – Um dia após o Brasil bater recorde no número de mortes por Covid-19, o presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a atacar as medidas restritivas para contenção da pandemia por parte de governadores e prefeitos nesta quinta-feira (4).   

“Temos que enfrentar nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi, vamos ficar chorando até quando? Respeitar obviamente os mais idosos, aqueles que têm doenças. Mas, onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, falou para uma plateia que o acompanhou na inauguração de uma ferrovia em São Simão, no estado de Goiás.   

Entre os apoiadores, estavam produtores rurais que, segundo Bolsonaro, “não se acovardaram” e foram trabalhar fora de casa durante a pandemia. Para ele, as medidas de restrição adotadas são “ignorantes, burras e suicidas” para combater a doença.   

O mandatário voltou a criticar uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de determinar que as regras sanitárias podem ser definidas por prefeitos e governadores de acordo com a situação local, sem a necessidade de esperar por alguma medida do governo federal. Bolsonaro usa a sentença como forma de dizer que não pode fazer nada – o que não é verdade – e que “gostaria de ter o poder, que deveria ser meu, para definir a política”.   

Desde os primeiros casos no país, o presidente minimizou os riscos da doença, classificando-a como “gripezinha”, e criticou as medidas de restrições adotadas nos estados e municípios porque quer deixar a “economia aberta”.   

O governo federal também demorou para comprar vacinas anti-Covid e o país tem uma campanha vacinal bastante lenta considerando toda a infraestrutura já existente através do Sistema Único de Saúde (SUS).   

Nesta quarta-feira (3), o Brasil bateu o recorde diário de mortes na pandemia, com 1.910 vítimas registradas em 24 horas, e teve um dos maiores dados de contágios diários (71.704). Ao todo, ainda conforme os dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o país contabiliza 10.718.630 contaminados (3º maior número do mundo) e 259.271 óbitos (2º no ranking mundial). (ANSA).