A Vai de Bet, patrocinadora master do Corinthians, enviou uma notificação extrajudicial ao clube cobrando esclarecimentos sobre os pagamentos da Rede Media Social Ltda, intermediadora do acordo entre as partes, à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, suposta empresa ‘laranja’. A informação foi divulgada primeiramente pelo ge e confirmada pelo Estadão. O documento é assinado pelo advogado Plinio Augusto Lemos Jorge e o diretor executivo da empresa, José André da Rocha Neto.

A notificação, recebida pela diretoria alvinegra no dia 27 de maio, cita a possibilidade de rescisão e estabelece um prazo de dez dias para uma manifestação por parte do Corinthians. Ou seja, a data limite é quinta-feira. Após a polêmica vir à tona, a Vai de Bet demonstrou incômodo e pediu esclarecimentos ao Corinthians em outras duas ocasiões. Uma em comunicado enviado por e-mail, e outra, em reunião com membros da diretoria em 8 de maio.

À reportagem, o Corinthians confirmou a notificação e informou que ainda aguarda esclarecimento por parte da intermediadora. Cinco dias antes de ser alertado pela Vai de Bet, o clube também notificou extrajudicialmente a Rede Media Social Ltda sobre o caso, além de solicitar à EY uma investigação do contrato.

O contrato celebrado entre Corinthians e Vai de Bet, ao qual o Estadão teve acesso, possui uma cláusula anticorrupção na qual as partes se comprometem a cumprir os dispositivos integralmente. Segundo o documento, acordo prevê que, caso não haja justa causa, a parte interessada na rescisão precisa pagar 10% do valor total restante. Como o clube já recebeu R$ 60 milhões dos R$ 360 mi prometidos, a indenização seria de R$ 30 milhões.

Ao assinar com a Vai de Bet, o Corinthians fechou o maior acordo de patrocínio do futebol brasileiro. A marca do ramo de apostas que ofereceu R$ 360 milhões para estampar o espaço mais nobre da camisa corintiana por três temporadas. O acordo prevê o pagamento de R$ 10 milhões ao longo dos 36 meses de contrato.

O contrato prevê o também pagamento de 7% do montante líquido de cada parcela à Rede Media Social Ltda. Ou seja, 700 mil por mês ao longo de três anos, resultando em R$ 25,2 milhões ao fim do contrato. Com CNPJ ativo desde janeiro de 2021, a empresa possui um capital social declarado de R$ 10 mil e está no nome de Alex Fernando André, mais conhecido como Alex Cassundé, membro da equipe de comunicação de Augusto Melo. Ele tem até duas semanas para se manifestar.

Segundo reportagem publicada na coluna do jornalista Juca Kfouri, no Uol, após os pagamentos da comissão, a Rede Social Media Ltda repassou o parte dos valores por meio de PIX à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, empresa com endereço na Avenida Paulista que serviria como ‘laranja’. Ao comentar o assunto, o clube afirmou que “o clube destaca que não guarda responsabilidade sobre eventuais repasses de valores a terceiros”.

Cassundé trabalhou na campanha de Augusto Melo a convite de Sergio Moura, superintendente de marketing do Corinthians. Moura pediu afastamento do cargo após a polêmica vir à tona. Ele também estava sofrendo pressão no cargo por não conseguir fechar outros patrocínios para a camisa do clube. No dia 24, a diretoria anunciou que Yu Kin Lee, diretor jurídico, e Fernando Perino, diretor jurídico adjunto, se desligaram do clube após pedido de demissão.