A vacinação contra o coronavírus foi suspensa por um dia nesta quinta-feira (21), em Manaus, após denúncias de fraude na administração de doses para pessoas de grupos não prioritários, informaram autoridades regionais de saúde.

A medida é mais um golpe para o Amazonas, afetado por um forte aumento de casos e mortes decorrentes da segunda onda da pandemia, com falta de unidades de terapia intensiva disponíveis e escassez de oxigênio.

A Prefeitura de Manaus informou que decidiu suspender a campanha de vacinação dos profissionais de saúde “para que o governo do estado apresente um plano reorganizado de distribuição das doses nas unidades da rede estadual, com os critérios de definição de prioridades”, sem falar nas supostas irregularidades.

Mas o Ministério Público estadual indicou em nota que está investigando “denúncias de que doses da vacina estavam sendo desviadas para serem aplicadas em pessoas fora do grupo prioritário”.

Segundo o site de notícias G1, parentes de empresários locais recém-formados em medicina “furaram a fila” e postaram fotos nas redes sociais sendo vacinados.

O secretário estadual de Saúde disse que a quantidade de vacinas distribuídas pelo governo federal é “insuficiente” e atende apenas 34% das 56 mil pessoas que atuam na área de saúde neste estado de 4,2 milhões de habitantes.

O Amazonas, com quase 240.000 casos e mais de 6.500 óbitos, é o segundo dos 27 estados brasileiros com maior proporção de óbitos (159 / 100.000).

Em nível nacional, o Brasil tem cerca de 213.000 mortos por covid-19, com uma média de 101 óbitos por 100.000 habitantes.

A agressividade da segunda onda da pandemia na Amazônia pode ser decorrente de uma variante do vírus, mais contagiosa, que surgiu na região.

As tentativas de avançar na linha de vacinação não são exclusivas do Amazonas.

De acordo com o portal de notícias UOL, promotores de pelo menos seis estados abriram investigações sobre denúncias desse tipo.

A vacinação no Brasil começou no último domingo em São Paulo, depois que a agência reguladora de saúde (Anvisa) autorizou o uso emergencial de seis milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac e dois milhões da vacina britânica AstraZeneca / Oxford contra a covid-19, primeira a receber sinal verde.

Mas, por enquanto, está disponível no Brasil apenas a vacina chinesa, produzida em parceria com o Instituto Butantan, no estado de São Paulo.

A da AstraZeneca / Oxford da Grã-Bretanha ainda não chegou ao país vinda da Índia, onde é fabricada.