O Uzbequistão vota neste domingo (24) em uma eleição que deve confirmar a reeleição do presidente Shavkat Mirziyoyev, após um primeiro mandato marcado por reformas liberais, mas que agora parecem ameaçadas pelo retorno do autoritarismo.

Mirziyoyev, de 64 anos, que governa o país mais populoso da Ásia central desde 2016, aboliu o trabalho forçado, abriu a economia e libertou opositores detidos e torturados por seu implacável antecessor, Islam Karimov.

Mas o presidente retomou recentemente as práticas do passado, com uma onda de repressão aos críticos antes da votação.

Os críticos também o acusam de eliminar qualquer oposição real da disputa eleitoral.

Mirziyoyev enfrenta quatro candidatos considerados fantoches, que não apresentaram críticas ao governo durante a campanha.

Os uzbeques entrevistados pela AFP neste domino na capital Tashkent, no entanto, pareciam mais preocupados com a crescente pobreza do que com a liberdade de expressão.

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O país, rico em combustíveis, foi afetado pela crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus. O desemprego e o custo de vida aumentaram consideravelmente.

País de 34 milhões de habitantes e com fronteira com o Afeganistão, agora sob o comando dos talibãs, o Uzbequistão está em uma região difícil e estratégica, com forte influência da Rússia e China.

Cinco anos após a morte do ex-presidente Karimov, Uzbequistão respira mais liberdade. Mirziyoyev acabou com o trabalho forçado nos campos de algodão, onde milhares de menores de idade eram explorados. Com a medida, ganhou muitos elogios da comunidade internacional.

Mas os dois últimos anos de seu primeiro mandato foram marcados pela crescente repressão de blogueiros críticos.

Khidirnazar Allakulov, considerado um dos poucos críticos de verdade, não foi autorizado a disputar a presidência.

A pandemia também freou o forte crescimento econômico, acabou com o turismo e alimentou o descontentamento popular.

E em um fato incomum, manifestações foram organizadas no último ano contra a escassez de energia elétrica.

Para Temur Umarov, especialista em Ásia central do Carnegie Center de Moscou, Mirziyoyev está diante do dilema de continar com as reformas sem tocar no sistema autoritário herdado de Karimov, que beneficia a elite.

“A corrupção ainda existe na cúpula do governo, mas o poder fecha os olhos. Ao mesmo tempo, a sociedade é mais dinâmica que em outros momentos e não aceitará se o governo não prosseguir com as reformas”, disse.

Em setembro, Mirziyoyev afirmou que a definição de democracia no Uzbequistão não é a mesma que em outros países.


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