A experiência foi feita com apenas oito cordeiros, mas encheu de entusiasmo uma área da medicina ávida por novos recursos. Em artigo publicado na revista científica Nature, médicos do Centro de Pesquisa Fetal do Hospital da Criança da Filadélfia, nos Estados Unidos, descreveram um sistema que foi capaz de manter vivos por quatro semanas os fetos dos animais. O foi tempo suficiente para que, depois disso, eles conseguissem sobreviver no ambiente externo. Criaram um útero artificial. “Ele reproduz com muita proximidade o útero e a placenta”, afirma Alan Flake, que coordenou o experimento. A ideia é que o aparelho – adaptado – sirva para abrigar fetos humanos nascidos muito prematuramente, quando as chances de sobrevivência são de no máximo 15%.

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O equipamento é composto por três itens: a provisão de um líquido cuja composição é semelhante a do líquido aminiótico e duas engrenagens que garantem o bombeamento de sangue pelo coração e a troca gasosa entre gás carbônico e oxigênio. Os fetos de cordeiro utilizados tinham idade gestacional entre 15 e 17 semanas, equivalente a 23 a 24 semanas de gestação humana, quando foram retirados do corpo das mães por meio da cesariana. No mês seguinte em que permaneceram nesse “útero”, as cobaias ganharam peso e até abriram os olhos. Exames posteriores mostraram que o desenvolvimento cerebral e pulmonar dos animais havia sido adequado.

O plano é desenvolver um recurso semelhante para fetos humanos nascidos por volta da 23ª semana e que permita abrigá-los até a 28ª semana de gestação. Embora à primeira vista ele pareça peça de ficção científica, sua execução é plausível. “Parece bem razoável criamos um sistema desses”, considerou o cientista Mark Tunner, da Universidade de Liverpool, na Inglaterra.