A Faculdade de Saúde Pública da Universidade São Paulo (FSP/USP) cancelou a prova de seleção do Curso de Especialização EAD em Saúde Pública. No site da instituição, a informação foi confirmada sem menção ao motivo. O cancelamento, contudo, ocorreu após a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) denunciar que o certame continha questões que tratavam, por exemplo, a prisão do ex-presidente Lula como política, e o impeachment de Dilma Rousseff como um golpe institucional.

Após receber relatos sobre o conteúdo da prova, a deputada afirmou, durante sessão na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que as reclamações tinham “razoabilidade” e que “o fato é assustador”. Para Janaina, o certame não avalia os alunos sobre conhecimentos específicos.

“O que estou afirmando com todas as letras é que este certame é nulo e os responsáveis, juridicamente falando, podem responder por improbidade administrativa. Porque o que deve nortear a administração pública é a impessoalidade. Nenhuma das perguntas diz respeito à saúde pública”, afirmou Paschoal.

Entre as perguntas citadas pela deputada, estão algumas que tratam de neofascismo, feminismo, Revolução Russa, Ditadura Brasileira, greves contra reformas neoliberais na França, a vereadora assassinada Marielle Franco, entre outros assuntos.

“Um tema que vem sendo pautado pela perspectiva da visão conservadora no Brasil contemporâneo é? Aí tem várias opções, dentre elas a ideologia de gênero, que seria a opção considerada correta”, lê Janaina.

“Quem é o ícone do feminismo negro?”, “Filósofa e ativista dos panteras negras?”, “Qual é o conceito de neofascismo?”, “Principal representante da resistência negra à escravidão à época do Brasil colonial?” seriam outros questionamentos da prova.

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“Quem é aquele que está sendo considerado mundialmente um prisioneiro político? A resposta considerada correta: Lula”, menciona a deputada. Na questão sobre a saída da presidenta Dilma Rousseff da Presidência da República, as possibilidade de respostas, segundo Janaína, eram desvios orçamentário, greves dos sindicatos, denúncias de corrupção, exigência do Congresso Nacional e golpe institucional, sendo esta última a opção tida como correta.

Na avaliação de Paschoal, todas as perguntas traziam como alternativa considerada correta uma linha ideológica. “Eu não estou sequer criticando essa linha ideológica, estou dizendo que numa universidade pública não se pode impor, e pior, cobrar como critério de aprovação, nenhuma linha ideológica”, encerra a deputada.

O diretor da FSP/USP, Oswaldo Tanaka, confirmou ao jornal Folha de S. Paulo o teor das perguntas da prova citadas por Janaína. De acordo com Oswaldo, na prova não constavam questões sobre saúde pública porque o curso era aberto a pessoas de outras formações de nível superior.


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