O uso de narguilé, cachimbo de água de origem oriental muito utilizado no Brasil, pode ter intensificado a gravidade dos ferimentos das vítimas da explosão que aconteceu em Curitiba no último sábado (2), acidente que deixou três mortos e dois feridos. A explosão aconteceu depois que gasolina foi usada na churrasqueira.

Componentes no narguilé, como a pólvora podem piorar esse tipo de acidente. “A queimadura por narguilé precisa ser lavada imediatamente, já que há pólvora na composição e isso pode agravar ainda mais o ferimento. Em geral, as queimaduras são de primeiro e segundo graus e, na maioria das vezes, as vítimas colocaram bebida alcoólica no recipiente, em vez de água. É recomendável usar apenas o carvão”, explica o médico clínico Reginaldo Oliveira Filho. De acordo com o médico, esse acidentes envolvendo o uso do cachimbo são comuns nos hospitais de pronto-atendimento.

Barbara Schmitt, médica no Hospital Evangélico Mackenzie, referência no atendimento em queimados no Paraná, é uma das profissionais da equipe que atenderam as vítimas da explosão da churrasqueira. “A recuperação depende de cada grau e, nos mais graves, é preciso fazer um enxerto de pele para que a ferida possa cicatrizar. Levamos em conta a porcentagem do corpo atingido, quanto maior, maior é a gravidade também, já que a pele é o maior órgão que temos”, explica ela. Schmitt não liga o narguilé diretamente à gravidade dos ferimentos, já que a explosão devido à gasolina já seria forte o suficiente e pelo fato de o caso ainda estar em investigação.

Para ela, o perigo maior é a utilização de líquidos inflamáveis de forma inadequada. “Muita gente coloca gasolina na brasa, achando que não tem perigo. O combustível em contato com a brasa é como se fosse o fogo. O mesmo ocorre com o próprio álcool que está dentro da garrafa. Em uma fração de segundo ocorre a explosão, é como uma bomba”. Ela ainda orienta que, em casos de queimaduras, é preciso lavar a área atingida com água fria, evitar passar produtos químicos e buscar imediatamente atendimento médico.

O acidente aconteceu quando nove pessoas estavam reunidas em uma confraternização em uma casa. Sete delas estavam na parte de cima do sobrado, no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, quando a churrasqueira que era utilizada explodiu, atingindo cinco dos presentes.

As três vítima fatais, a secretária Larissa Petez, de 20 anos, o vendedor Wemerson Souza, de 26, e o mecânico Gustavo Lucas Castro, de 27, chegaram a ser encaminhados ao hospital, mas morreram momentos depois. Os dois jovens foram sepultados ainda no domingo (3) e Larissa foi enterrada ontem, no Cemitério Vertical, na capital paranaense. Willian Silva Benitez, de 28 anos, segue no hospital em estado grave, e relatou que foi jogada gasolina no fogo, causando a explosão. A Polícia Civil do Paraná irá investigar o caso. Testemunhas e familiares das vítimas devem ser ouvidas na Delegacia de Proteção à Pessoas, na capital do Paraná.

Com informações de Uol