Quase três em cada quatro adolescentes americanos já usaram “companheiros de IA”, segundo a ONG Common Sense Media, que alertou sobre os riscos que esses assistentes virtuais orientados para relações pessoais, baseados em inteligência artificial (IA), podem representar para os menores.
“Setenta e dois por cento dos adolescentes já utilizou companheiros de IA pelo menos uma vez” e “mais da metade usa essas plataformas várias vezes por mês”, concluiu a organização em um estudo realizado recentemente nos Estados Unidos e publicado nesta quarta-feira (16).
A associação definiu os companheiros de IA como “amigos ou personagens digitais com quem é possível conversar por escrito ou verbalmente a qualquer momento” para manter “conversas pessoais e significativas”. Trata-se de serviços fornecidos por plataformas como Character.AI e Replika, entre outras.
O questionário apresentado aos participantes, de 13 a 17 anos, reconhece que as principais plataformas de IA generativa como ChatGPT (OpenAI) ou Claude (Anthropic) também podem ser usadas dessa forma, mas especifica que não se trata de ferramentas para ajudar com os deveres escolares ou gerar imagens.
Um terço dos adolescentes entrevistados afirma usar companheiros de IA para interações sociais e relacionamentos, como praticar certas conversas, receber apoio emocional e manter contatos amigáveis ou românticos.
Quase metade vê esses assistentes de IA principalmente como “ferramentas” ou “programas de computador”.
A Common Sense Media, uma organização que classifica filmes, videogames e aplicativos por faixa etária para ajudar os pais e faz campanha pela segurança online, expressou preocupação pelos possíveis efeitos do uso desses “amigos, confidentes e até mesmo terapeutas virtuais”.
“Os perigos que representam para os jovens usuários são reais, graves e estão bem documentados”, diz a associação, que cita como exemplo o “suicídio de um adolescente de 14 anos que havia desenvolvido um vínculo afetivo com um companheiro de IA”.
A ONG destaca a tendência dessas ferramentas de geralmente concordarem com os usuários, em vez de incentivá-los a refletir, algo particularmente preocupante para os cérebros adolescentes em desenvolvimento.
Várias plataformas “podem gerar facilmente respostas que vão desde conteúdo sexual e estereótipos ofensivos até ‘conselhos’ perigosos que, se seguidos, poderiam ter consequências sérias ou até fatais na vida real”, alega a Common Sense.
Portanto, recomenda que menores de idade não tenham acesso a essas ferramentas.
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