Usina nuclear de Angra 2 apresenta vazamento no reator, diz site; companhia nega

Usina Angra 2
Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Usina nuclear de Angra 2 teria apresentado vazamento, que estaria sendo mantido sob sigilo desde o dia 25 de dezembro de 2024, e os gestores teriam decidido que o reparo seria realizado apenas na próxima manutenção, ou seja, daqui a 12 meses.

Em condição de anonimato, servidores disseram ao portal “R7” que a usina estaria há dois meses funcionando em modo “estepe”. Apreensivos com a decisão da nova gestão, alguns relataram que “a segurança nuclear está em risco”.

A usina Angra 2 faz parte da Central Nuclear Almirante Álvaro Aberto, o complexo formado também pelas usinas Angra 1 e 3 (esta última em construção), no Rio de Janeiro, às margens da BR-101.

O suposto vazamento de líquido acontecido em um primeiro selo do núcleo. No total, dois selos e um dreno protegem o equipamento, impedindo que a radioatividade se espalhe dentro da contenção de concreto e que um acidente nuclear mais grave aconteça.

Esse tipo de incidente no primeiro selo está previsto no manual como “relevante”, porém de reparo simples. Para que o reparo seja feito, é necessário o desligamento da usina para troca do selo.

A troca do selo deve acontecer antes que o dreno fique sobrecarregado e outras peças do núcleo sejam prejudicadas pela umidade. O manual não prevê por quanto tempo o “modo estepe” consegue garantir a segurança do núcleo.

A Eletronuclear refutou por meio de nota as informações divulgadas pelo “R7” e destacou que a usina segue funcionando em plena segurança, “dentro das especificações de projeto, e em condições normais de operação”. Além disso, esse tipo de ocorrência é previsto no projeto da usina e está sob controle, sem qualquer comprometimento à segurança.

Também ressaltou que a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) “mantém inspetores residentes dentro da usina, 24 horas, garantindo a segurança da operação e está ciente desta condição prevista nos manuais de operação e especificações do fabricante da usina, a Framatome”.

Por fim, a empresa afirmou que a usina opera “com 100% de potência, na condição verde, seu nível máximo de segurança”.

Já a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) informou que tem acompanhado de perto a situação operacional da Usina Nuclear de Angra 2 e rebateu qualquer alegação de sigilo ou falta de transparência. “O evento citado na reportagem do Portal R7 ocorreu em dezembro de 2024, prontamente identificado pelos inspetores residentes da CNEN, que atuam 24 horas por dia na usina”, completou.

“Os dados coletados indicam que o vazamento interno no primeiro selo do vaso do reator se mantém estável e não compromete os critérios de segurança estabelecidos pelo projeto. Importante destacar que situação semelhante já foi registrada em 2010 e tratada dentro dos protocolos técnicos”, explicou.

A Cnen destacou que a população “pode ter plena certeza de que o Brasil conta com um órgão regulador rigoroso e incansável em sua missão de zelar pela segurança nuclear, garantindo a proteção da população e do meio ambiente com transparência e responsabilidade”.