A usina de Santo Antônio vai começar a produzir energia para atender especificamente Rondônia e Acre. A primeira das seis turbinas da hidrelétrica destinadas a suprir os dois Estados já está em testes e, até novembro, todas as seis estarão aptas a gerar energia. A entrega do projeto foi antecipada a pedido do governo para resolver os recorrentes blecautes na região.

Com a medida, o governo espera resolver um problema que, nos últimos anos, deixou a população no escuro. Os dois Estados estão no fim de uma linha de transmissão com mais de 2 mil quilômetros de extensão. Por isso, quando há qualquer problema nessa estrutura, como incêndios ou pane em equipamentos, o fornecimento de energia na região é o primeiro a ser cortado e o último a ser restabelecido. Cerca de 15 apagões atingiram os Estados no ano passado, embora Rondônia hoje seja um grande produtor e exportador de energia, devido às usinas de Santo Antônio e Jirau.

Para evitar que isso continue, o Ministério de Minas e Energia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pediram que a Santo Antônio Energia adiantasse a conclusão do projeto.

A concessionária construiu 20 quilômetros de linhas de baixa tensão (230 kV) para conectar suas máquinas diretamente ao sistema regional da Eletronorte, em uma subestação que fica em Porto Velho, na BR-364. Assim, será possível formar uma “ilha” para elevar a estabilidade do fornecimento da região e blindá-la de eventuais quedas de abastecimento pelo linhão do Madeira.

A previsão da empresa é que as turbinas comecem a gerar energia a partir de agosto, mas ainda é preciso aguardar a aprovação, pelo Ibama, dos ajustes realizados na licença de operação. Se a documentação sair mais rapidamente, será possível iniciar a operação ainda em junho.

O presidente da concessionária Santo Antônio Energia, Eduardo de Melo Pinto, disse que a produção dessas seis turbinas será suficiente para atender 40% do consumo dos dois Estados. Atualmente, eles são abastecidos pela hidrelétrica de Samuel, em Rondônia, e por térmicas movidas a diesel, como a Termonorte 2, no mesmo Estado. “Vamos conseguir resolver o problema dos apagões em Rondônia e Acre”, afirmou.

De acordo com o presidente da Federação das Indústrias de Rondônia (Fiero), Marcelo Thomé, o investimento vai permitir um fornecimento de energia mais seguro e barato. “Isso responde a uma demanda histórica de reter parte da energia da usina no próprio Estado”, disse. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), José Adriano Ribeiro, será possível reduzir as oscilações na frequência de energia, que queimam máquinas e danificam matérias primas utilizadas pelas empresas.

Inicialmente, o projeto da usina de Santo Antônio previa 44 turbinas, destinadas a atender a demanda da Região Sudeste. Depois, a empresa pediu autorização para ampliar o empreendimento com mais seis máquinas e vendeu essa energia em um leilão realizado em 2014. São essas turbinas que agora entrarão em operação, com produção de 206 megawatts (MW).

Para conseguir essa produção extra, a empresa vai elevar o nível do reservatório em 80 centímetros, de 70,5 metros para 71,3 metros. É esse pedido e as condicionantes relacionadas a ele que ainda estão em análise pelo Ibama. O fornecimento para as distribuidoras, oficialmente, começa em janeiro de 2017.

“O impacto é mínimo, mas o benefício para a região é muito grande”, disse o presidente da Santo Antônio Energia. O projeto de ampliação, incluindo as turbinas e as linhas de transmissão, custou R$ 1,7 bilhão.