0 Uruguai, que celebrará o segundo turno de suas eleições presidenciais no domingo, é reconhecido pela solidez de sua democracia, pelos craques de futebol e por sua bebida típica, o mate. Esses são alguns dados desse país vizinho ao Brasil.

– Pioneiro em direitos –

Com uma população de 3,4 milhões de pessoas, o Uruguai é o pioneiro na América Latina em matéria de direitos humanos e sociais.

Aboliu a pena de morte em 1907, estabeleceu a jornada de trabalho de oito horas em 1915 e aprovou o voto feminino em 1927. A Igreja está separada do Estado desde 1912, sob a presidência de José Batlle y Ordoñez (Partido Colorado, liberal), artífice de um dos primeiros experimentos de social-democracia na escala de um país no mundo. No Uruguai, somente 47% da população se declara católica.

Em 2006, no governo da Frente Ampla (esquerda) se tornou o primeiro país da América Latina e o quinto no mundo a proibir fumar em espaços públicos.

O aborto é legalizado em qualquer condição desde 2012. Já havia sido entre 1934 e 1935.

Em 2013, o Uruguai aprovou o matrimônio igualitário que habilita a união civil entre pessoas do mesmo sexo. No mesmo ano, legalizou a produção de maconha para fins recreativos mediante vários mecanismos, um deles a venda nas farmácias de cannabis produzido pela iniciativa privada sob o controle do Estado.

– Independência, ditaduras e guerrilhas –

O Uruguai se declarou independente em 1825 e recebeu depois diferentes correntes migratórias da Europa, principalmente espanholas, italianas e francesas.

Durante o século XX, golpes de Estado em 1933 e 1973 marcaram interrupções à sua tradição democrática.

Os uruguaios veneram seu sistema político igualitário, que recuperaram em 1985 depois de uma violenta ditadura. Os partidos que dominaram a política até o final do século XX foram o Colorado e o Blanco (Partido Nacional, liberal nacionalista). Em 2004 a Frente Ampla – fundada em 1971 – ganhou as eleições e Tabaré Vázquez, atual presidente, teve seu primeiro mandato a partir de 2005. Depois foi a vez de José Mujica, ex-guerrilheiro tupamaro.

O ex-prefeito da frenteamplista de Montevidéu, Daniel Martínez, de 62 anos, e o ex-senador Luis Lacalle Pou, de 46 anos, do Partido Nacional, são favoritos para passar a um segundo turno em novembro.

– Economia estável –

O Uruguai teve um crescimento médio de 4,1% entre 2003 e 2018. Atualmente atravessa um período de estagnação, com desemprego alto (9%) e um déficit persistente das finanças públicas equivalente a 4,8% do PIB.

A pobreza é baixa comparada com outros países da região, e ficou em 8% em 2018.

O Uruguai é um país agroexportador, onde a produção de celulose em grandes indústria ganha espaço sobre os setores tradicionais como a produção de carne.

China, Brasil, União Europeia e Estados Unidos são seus principais mercados de exportações.

O turismo é o principal serviço exportado, sobretudo com a chegada de visitantes da Argentina.

Integra o Mercosul junto com Argentina, Brasil e Paraguai, desde 1991.

– Aumento da violência –

Considerado durante muito tempo um reduto de paz, Uruguai e registrado um importante aumento da criminalidade e ocupou neste ano as páginas dos jornais internacionais como país de trânsito de importantes carregamentos de cocaína apreendidos ao chegar na Europa.

A taxa de homicídios passou de 5,7 por cada 100.000 habitantes em 2005 a 11,2 por cada 100.000 em 2018, segundo o site de análise independente InSight Crime.

Em 2018, a cifra de homicídios ficou em 414 e houve um crescimento explosivo de 45% sobre 2017.

– Futebol e letras –

O Uruguai é conhecido por suas estrelas de futebol como Luis Suárez, do Barcelona, e Edinson Cavani, do PSG francês.

Fonte inesgotável de craques de futebol, o país ostenta o recorde de Copas América ganhas (16), duas Copas do Mundo (1930 e 1950) e duas medalhas olímpicas de ouro (1924 e 1928).

Seus jogadores popularizaram o mate no mundo, ao beberem essa infusão amarga típica nas concentrações dos campeonatos disputados pela “celeste”.

Entre seus escritores mais famosos estão os já falecidos Eduardo Galeano – ídolo da esquerda latino-americana -, Juan Carlos Onetti, e a poetisa Ida Vitale, prêmio Cervantes 2018.