O Uruguai tornou-se o primeiro país do mundo a obter um empréstimo do Banco Mundial (BM) que lhe permite reduzir juros se o setor agropecuário poluir menos, informou a instituição financeira nesta sexta-feira (17).

Trata-se de um empréstimo de 350 milhões de dólares (1,7 bilhão de reais) pelos quais pagará até 12,5 milhões de dólares (61 milhões de reais) a menos de juros se conseguir “uma diminuição verificável das emissões de metano da agropecuária”, afirma a instituição em um comunicado.

O objetivo é reduzir as emissões de metano em 33% ou mais entre 2028-2032, e em pelo menos 36% entre 2033-2037. Isso representa 1% a mais em relação aos compromissos adotados pelo país no âmbito do Acordo de Paris sobre mudança climática para diminuir os efeitos dos gases de efeito estufa.

A partir de 2028, será realizada uma avaliação anual e caso a meta do Banco Mundial seja cumprida, haverá uma melhora nas condições de pagamento.

“O Uruguai mostra de novo uma liderança global através de inovações institucionais e financeiras, como já o fez anteriormente em áreas como a agricultura inteligente, a redução das emissões de carbono e o impulso às energias renováveis”, afirma Carlos Felipe Jaramillo, vice-presidente do Banco Mundial para América Latina e Caribe, citado no comunicado.

O metano proveniente da produção de carne bovina representa 48,6% das emissões totais de gases de efeito estufa no Uruguai, segundo o BM.

As condições desse empréstimo e o Bônus Sustentável emitido em 2022 pelo Uruguai, demonstram que o país está determinado a “seguir uma via de desenvolvimento que combine maior crescimento e produtividade no setor agropecuário” com “um compromisso de não desmatamento de floresta nativa”, assegura a ministra da Economia uruguaia, Azucena Arbeleche, citada na nota.

A produção de gado é o principal setor exportador do país com receitas de 3,614 bilhões de dólares (18 bilhões de reais) em 2021.

O Banco Mundial escolheu o Uruguai para estrear esse mecanismo inovador por ser “um exemplo na região” com “uma boa institucionalidade e políticas públicas relacionadas à sustentabilidade”, declarou à AFP Francis Fragano, gerente do projeto.

A ideia é que sirva de “piloto” para ver se pode ser aplicado a outros países, e “já há um interesse” de algumas nações africanas, assim como do Paraguai, do Peru, da Colômbia e das Filipinas, diz ela.

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