O governo uruguaio pôs fim, nesta quarta-feira (23), à emergência hídrica decretada há dois meses na região da capital para garantir o fornecimento de água potável em meio a uma seca prolongada.

O presidente Luis Lacalle Pou disse que tomou a decisão diante da recuperação de parte do fluxo dos cursos de água e dos reservatórios que abastecem a região metropolitana de Montevidéu, de 1,8 milhão de habitantes, mais da metade da população do país.

“Podemos ver hoje, com certa tranquilidade, a qualidade da água, que é muito boa, e ver os dias que temos pela frente com um abastecimento de água muito bom”, declarou o presidente.

Nos últimos meses, o pior déficit hídrico desde o começo dos registros, há 74 anos, dificultou o bombeamento de água potável para Montevidéu e localidades dos departametos vizinhos de Canelones e San José.

Diante da falta de chuvas excepcional, a estatal Obras Sanitárias do Estado (OSE) começou a misturar, no fim de abril, a pouca água doce disponível com fluxos vindos do estuário do Rio da Prata, fazendo com que a água da torneira saísse salgada. Mas as chuvas recentes na região aliviaram essa situação.

Segundo o último balanço oficial, em 22 de agosto, o reservatório de Paso Severino, o principal de água doce para a região, contava com mais de 36,6 milhões de m³, de um total de 67 milhões de capacidade. No entanto, os valores de sódio e cloreto da água nas linhas de bombeamento para a região metropolitana estavam abaixo dos limites permitidos pela regra vigente, de 200mg/l e 250mg/l, respectivamente.

Nos últimos meses, Paso Severino chegou a contar com pouco mais de 1% de sua capacidade, e houve dias em que os valores de sódio e cloreto superaram, também, os máximos autorizados excepcionalmente, de 440mg/l e 720mg/l.

O decreto de 19 de junho que declarou a emergência hídrica possibilitou ao governo financiar 2 litros de água mineral por dia a mais de 500.000 pessoas, assim como exonerar os impostos sobre a água engarrafada. Além disso, facilitou as obras para a construção de uma nova represa e tubulações para a transferência de água entre rios.

Lacalle avaliou em “cerca de 70 milhões de dólares (342 milhões de reais)” os gastos para atenuar a crise hídrica na região metropolitana da capital.

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