Os presidentes de Uruguai e Paraguai expressaram, nesta terça-feira (4), “preocupação” com a inabilitação política da pré-candidata da oposição à Presidência da Venezuela, María Corina Machado – posição da qual discordaram seus pares da Argentina e do Brasil durante cúpula do Mercosul.

“A inabilitação” de Machado “choca frontal e escandalosamente com a clara carta dos direitos humanos”, disse o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, durante uma reunião de chefes de Estado do Mercosul em Puerto Iguazú, nordeste da Argentina.

“As restrições aos direitos políticos pela via administrativa sempre devem ser vistas com suspeita e consideradas legalmente inválidas”, acrescentou.

Seu contraparte uruguaio, Luis Lacalle Pou, concordou.

“Está claro que a Venezuela não vai sair para uma democracia saudável, e quando há um indício de possibilidade de uma eleição, uma candidata como María Corina Machado, que tem um enorme potencial, é desqualificada por motivos políticos, e não jurídicos”, afirmou o governante.

“O Mercosul tem que dar um sinal claro para que o povo venezuelano possa se encaminhar em direção a uma democracia plena que hoje claramente não tem”, acrescentou.

Machado, da ala mais à direita da oposição venezuelana, foi inabilitada para o exercício de qualquer cargo público por um período de 15 anos.

A ex-deputada participa de um processo de primárias organizado pela oposição ao presidente chavista Nicolás Maduro com vistas às eleições presidenciais previstas para o próximo ano, ainda sem data marcada.

“Quando surge um caminho de saída, uma esperança, com a realização de eleições com a oposição, vimos rapidamente apagada essa ilusão”, disse Abdo Benítez.

O tema venezuelano voltou a expor as diferenças entre os parceiros do Mercosul, integrado também por Brasil e Argentina.

O presidente argentino, Alberto Fernández, expressou que a situação da pré-candidata opositora deve ser levada à mesa de diálogo no México entre o governo venezuelano e a oposição, um mecanismo congelado desde novembro de 2022.

Os problemas da Venezuela devem ser enfrentados pelos venezuelanos e “não os demais países se metendo em questões internas”, apontou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse desconhecer os detalhes do caso Machado, mas pediu para não “isolar” a Venezuela.

Lula, que assumiu a presidência pró-tempore do Mercosul nesta terça, defende Maduro, ao qualificar as denúncias de autoritarismo na Venezuela como uma “narrativa”.

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