A organização internacional Unitaid, que arrecada fundos para combater doenças, anunciou nesta terça-feira (15) que assinou acordos com os principais fornecedores de oxigênio medicinal, a francesa Air Liquide e a alemã Linde, para ampliar o acesso dos países pobres durante a pandemia.

“Saudamos o compromisso da Air Liquide e da Linde. É a primeira vez que se chega a um acordo desse tipo para promover o acesso equitativo ao oxigênio, medicamento essencial para salvar vidas”, disse o diretor executivo da Unitaid, Philippe Duneton.

Diante da escassez de oxigênio – vital para salvar alguns pacientes com covid-19 -, observa-se filas de espera em hospitais na Venezuela e na Bolívia, especulação de preços no Peru, um mercado clandestino no Brasil e outras situações dramáticas em vários países.

“De acordo com as últimas estimativas, cerca de um milhão de pessoas gravemente afetadas pela covid-19 em países de baixa ou média renda precisam de 2,2 milhões de tanques de oxigênio (15,1 milhões de metros cúbicos) por dia”, explicou Hervé Verhoosel, porta-voz da Unitaid, à em uma coletiva de imprensa em Genebra.

Para enfrentar este cenário, a Unitaid e seus parceiros discutem há meses com os principais fornecedores de oxigênio do mundo, no âmbito do mecanismo internacional Acelerador ACT, encarregado de acelerar o acesso às ferramentas de combate ao novo coronavírus.

Com os acordos firmados, as empresas Air Liquide e Linde comprometeram-se “a trabalhar com os parceiros globais de saúde associados ao Acelerador ACT para favorecer o acesso equitativo ao oxigênio em uma série de países prioritários, de forma a responder às necessidades urgentes geradas pela pandemia”, detalhou Verhoosel.

Segundo a Unitaid, “esta colaboração inédita com a indústria” visa superar alguns obstáculos, como a instabilidade das promessas de financiamento e as lacunas em termos de infraestrutura, que limitam a disponibilidade do oxigênio medicinal.

Como parte da iniciativa, a Unitaid e seus parceiros buscarão mobilizar recursos para financiar o armazenamento de oxigênio medicinal e a infraestrutura necessária ao mesmo, o que, estima, exigirá 400 milhões de dólares.

“Se não melhorarmos significativamente o suprimento de oxigênio, veremos o número de vítimas da covid-19 aumentar ainda mais rápido”, alertou o enviado especial da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Acelerador ACT, Carl Bildt.