“Eu era um filho da rua, passava o dia todo na rua”, assim o músico e professor Acácio Reis, de 28 anos, descreve sua infância pelas vielas de Paraisópolis. Isso antes de entrar no extinto projeto cultural Barracão. Lá ensinavam música brasileira, muito além do samba. E o jovem teve contato pela primeira vez com os instrumentos de percussão. “A percussão é uma família de tambores. Tem o surdo, a caixa, o tamborim, o ganzá, o agogô, o xequerê, o caxixi. O percussionista não pode tocar só pandeiro”, resume ele.

Nascido nas ruas do Bexiga, ele cresceu ouvindo os ensaios da escola de samba da paulistaníssima Vai-Vai. Com a separação dos pais, aos cinco anos foi morar com a mãe em Paraisópolis. Lá se encontrou e se apaixonou pela música. “Quando comecei a tocar meu primeiro instrumento, a caixa, parecia que já sabia tocar. Foi muito familiar. Aquilo tudo já estava dentro de mim, só precisava de um instrumento para colocar para fora”, diz.

Os anos se passaram, o rapaz fez faculdade de música na zona leste da cidade, duas horas de distância para ir, mais duas horas para voltar à Paraisópolis. Nas aulas noturnas aprendeu a dedilhar os instrumentos de corda, teclado e também as notas musicais em partituras. O universo musical se abriu para além dos instrumentos de percussão.

Começou então a ter um sonho: retribuir para os moradores de Paraisópolis tudo aquilo que havia aprendido. “Existem vários projetos musicais no bairro, como a Orquestra Paraisópolis, que participei, mas de ensino de música brasileira, como tinha no Barracão, não existia mais, foi aí que pensei numa escola com esse perfil”, explica. Surgiu então a Unidos de Paraisópolis, que, diferentemente das escolas de samba tradicionais, tem por fim não ensinar apenas o ritmo brasileiro mais conhecido no mundo, mas outros tantos que fazem parte de nossa cultura.

Em um ano de existência possui 25 integrantes, alunos cujas idades vão de sete anos até a faixa dos trinta. Ensaiam todos os finais de semana em um estacionamento dentro da comunidade que cedeu parte de seu espaço para os jovens e, no momento, fazem vaquinhas e campanhas para conseguirem mais instrumentos para aumentarem o número de alunos por aula.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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