“O aumento da violência em Mianmar, com 120 assassinatos de civis em dois dias, perpetrados pelos militares contra o seu próprio povo, é inaceitável” Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia (Crédito:Aris Oikonomou)

Cento e vinte foi o número de manifestantes mortos em Mianmar, na semana passada, enquanto eles defendiam a volta de uma plena democracia no país. As imagens registradas pela imprensa, nos dois dias dos protestos, são devastadoras. Desde o golpe de Estado promovido pelas Forças Armadas, em fevereiro desse ano, Mianmar passou a contabilizar mortes a cada nova onda de manifestações contrárias ao governo que se apossou do poder. Apesar do pavor em sair às ruas contra o exército, a população almeja, acima de tudo, o retorno do Estado de Direito — e vai à luta. Tal medo sentido pelos civis tem razão de existir. Os militares tentaram de todas as formas violentas barrar seus opositores na ocupação de ruas nas cidades de Rangum, Monywa, Myinchan e Hapkakant, e, assim, impedir protestos no Dia das Forças Armadas, celebrado no sábado 27. Na véspera, em cadeia de transmissão de rádio e tevê, o governo declarou claramente que seus soldados tinham ordens de “atirar nas costas e na cabeça” de quem fosse às manifestações. As ameaças de nada serviram. Os opositores se uniram nas passeatas. Os militares, por sua vez, não hesitaram em cumprir o que fora anunciado. Em quase dois meses, mais de três mil pessoas foram presas e outras quatrocentas, assassinadas pelos governantes golpistas. A revolta daqueles que acompanham de longe a barbárie chegou ao comando da Comissão Europeia. Sua presidente, Ursula von der Leyen, exigiu o fim imediato das “atrocidades cometidas em Mianmar”: “Continuaremos a utilizar os mecanismos da União Europeia, incluindo sanções, para atingir os que praticam essa violência e os responsáveis pelo retrocesso no caminho democrático e pacífico do país”.

400 opositores do governo militar, em Mianmar, foram mortos pelo Exército em quase

2 meses. Entre as vítimas fatais, pelo menos

35 delas são crianças. Os dados foram fornecidos pela Unicef

ECONOMIA
Entenda por que a Lua cheia ajudou a desencalhar embarcação no Canal de Suez

BLOQUEIO Sete dias e 12% do comércio travado em todo o mundo: maré salvadora (Crédito:Suez Canal Authority via AP)

Por quase uma semana 12% de todo comércio global ficou prejudicado depois que um navio cargueiro, de quatrocentos metros de comprimento, encalhou no Canal de Suez, no Egito – conecta o Mar Vermelho ao Mediterrâneo. Por se tratar de uma das principais rotas marítimas em todo o mundo, cerca de US$ 9,6 bilhões foram perdidos a cada 24h. Para remover a embarcação, que pesa duzentas e dezenove mil toneladas, equipes trabalharam dia e noite sob a água e em terra. A natureza foi vital para o sucesso da operação. Mas há explicação científica. Em dados momentos dos movimentos de translação e transação de nosso planeta, vê-se o que chamamos de Lua cheia; isso coincide com a inclinação da Terra que forma altas marés. Foi a força dessas marés que impulsionou o cargueiro para cima. No Canal de Suez, o nível do mar subiu 46 centímetros. E esse aumento se deve, também, ao alinhamento do Sol com a Lua, o que causa maior atração gravitacional na Terra.

MÚSICA
Revelada letra inédita de Gonzaguinha. Ela ficou na Polícia Federal por 41 anos

MEMÓRIA Gonzaguinha: emoção pura perdida na burocracia da PF (Crédito:Divulgação)
Divulgação

Uma inédita letra do compositor Gonzaguinha (morreu em acidente de carro em 1991, aos 45 anos de idade) veio a público na semana passada. Em 1980 ele escreveu “Meu santo”, especialmente para Maria Bethânia gravar. Ainda era época da ditadura militar e toda produção cultural tinha de ser previamente enviada à censura. A liberação demorou tanto na Polícia Federal que Bethânia gravou o seu álbum “Talismã” sem a música do amigo. Ela se chama “Meu santo”.

Trecho da letra

“Quem mistério esse moço e essa moça
que sempre se lançam na fome e na sede
e então se devoram com a calma e o carinho
de quem liga bem pouco se o guarda apitar
de quem nunca se abala se a casa cair
de quem nunca tem pressa se o tempo passar”