01/04/2021 - 9:30
Cento e vinte foi o número de manifestantes mortos em Mianmar, na semana passada, enquanto eles defendiam a volta de uma plena democracia no país. As imagens registradas pela imprensa, nos dois dias dos protestos, são devastadoras. Desde o golpe de Estado promovido pelas Forças Armadas, em fevereiro desse ano, Mianmar passou a contabilizar mortes a cada nova onda de manifestações contrárias ao governo que se apossou do poder. Apesar do pavor em sair às ruas contra o exército, a população almeja, acima de tudo, o retorno do Estado de Direito — e vai à luta. Tal medo sentido pelos civis tem razão de existir. Os militares tentaram de todas as formas violentas barrar seus opositores na ocupação de ruas nas cidades de Rangum, Monywa, Myinchan e Hapkakant, e, assim, impedir protestos no Dia das Forças Armadas, celebrado no sábado 27. Na véspera, em cadeia de transmissão de rádio e tevê, o governo declarou claramente que seus soldados tinham ordens de “atirar nas costas e na cabeça” de quem fosse às manifestações. As ameaças de nada serviram. Os opositores se uniram nas passeatas. Os militares, por sua vez, não hesitaram em cumprir o que fora anunciado. Em quase dois meses, mais de três mil pessoas foram presas e outras quatrocentas, assassinadas pelos governantes golpistas. A revolta daqueles que acompanham de longe a barbárie chegou ao comando da Comissão Europeia. Sua presidente, Ursula von der Leyen, exigiu o fim imediato das “atrocidades cometidas em Mianmar”: “Continuaremos a utilizar os mecanismos da União Europeia, incluindo sanções, para atingir os que praticam essa violência e os responsáveis pelo retrocesso no caminho democrático e pacífico do país”.
400 opositores do governo militar, em Mianmar, foram mortos pelo Exército em quase
2 meses. Entre as vítimas fatais, pelo menos
35 delas são crianças. Os dados foram fornecidos pela Unicef
ECONOMIA
Entenda por que a Lua cheia ajudou a desencalhar embarcação no Canal de Suez
Por quase uma semana 12% de todo comércio global ficou prejudicado depois que um navio cargueiro, de quatrocentos metros de comprimento, encalhou no Canal de Suez, no Egito – conecta o Mar Vermelho ao Mediterrâneo. Por se tratar de uma das principais rotas marítimas em todo o mundo, cerca de US$ 9,6 bilhões foram perdidos a cada 24h. Para remover a embarcação, que pesa duzentas e dezenove mil toneladas, equipes trabalharam dia e noite sob a água e em terra. A natureza foi vital para o sucesso da operação. Mas há explicação científica. Em dados momentos dos movimentos de translação e transação de nosso planeta, vê-se o que chamamos de Lua cheia; isso coincide com a inclinação da Terra que forma altas marés. Foi a força dessas marés que impulsionou o cargueiro para cima. No Canal de Suez, o nível do mar subiu 46 centímetros. E esse aumento se deve, também, ao alinhamento do Sol com a Lua, o que causa maior atração gravitacional na Terra.
MÚSICA
Revelada letra inédita de Gonzaguinha. Ela ficou na Polícia Federal por 41 anos
Uma inédita letra do compositor Gonzaguinha (morreu em acidente de carro em 1991, aos 45 anos de idade) veio a público na semana passada. Em 1980 ele escreveu “Meu santo”, especialmente para Maria Bethânia gravar. Ainda era época da ditadura militar e toda produção cultural tinha de ser previamente enviada à censura. A liberação demorou tanto na Polícia Federal que Bethânia gravou o seu álbum “Talismã” sem a música do amigo. Ela se chama “Meu santo”.
Trecho da letra
“Quem mistério esse moço e essa moça
que sempre se lançam na fome e na sede
e então se devoram com a calma e o carinho
de quem liga bem pouco se o guarda apitar
de quem nunca se abala se a casa cair
de quem nunca tem pressa se o tempo passar”