ROMA, 17 FEV (ANSA) – O novo premiê da Itália, Mario Draghi, pediu nesta quarta-feira (17) o voto de confiança do Parlamento e afirmou que a política tem o dever de se unir em torno do “amor pelo país”.   

Convocado pelo presidente Sergio Mattarella para guiar a nação após a crise deflagrada pela saída do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi da coalizão que sustentava Giuseppe Conte, o ex-mandatário do Banco Central Europeu (BCE) chefiará o 67º governo em quase 75 anos de República na Itália e o terceiro apenas na atual legislatura, iniciada em março de 2018.   

Em sua primeira experiência em um cargo político, Draghi lidera uma coalizão que vai da extrema direita de Matteo Salvini até a esquerda, englobando o partido de Silvio Berlusconi e todas as forças que apoiavam Conte.   

“Esse é o terceiro governo desta legislatura. Não há nada que me faça pensar que possa ser bem-sucedido sem o apoio convicto deste Parlamento. É um apoio que não se baseia em alquimias políticas, mas no espírito de sacrifício com o qual mulheres e homens enfrentaram o último ano, no seu vibrante desejo de renascer, de voltar mais fortes. Hoje, a união não é uma opção, a união é um dever. Mas um dever guiado por aquilo que une todos: o amor pela Itália”, disse o primeiro-ministro na tribuna do Senado.   

Falando em “responsabilidade nacional”, Draghi prometeu que seu governo “fará reformas e enfrentará” o novo coronavírus, o qual ele definiu como “inimigo de todos”. “O Executivo que tenho a honra de presidir, especialmente em uma situação dramática como a que estamos vivendo, é simplesmente um governo do país, não precisa de nenhum adjetivo que o defina. Resume a vontade, a consciência e o senso de responsabilidade das forças políticas que o apoiam e às quais foi pedida uma renúncia pelo bem de todos”, declarou.   

Vacinas – Em seu discurso no Senado, Draghi afirmou que o primeiro desafio de seu governo é distribuir “rápida e eficientemente” as vacinas contra o novo coronavírus pelo país.   

Após um início veloz, com 1 milhão de vacinados em pouco menos de 20 dias, a Itália tem registrado uma desaceleração na campanha de imunização desde a segunda quinzena de janeiro, especialmente devido aos atrasos nas entregas da Pfizer, Moderna e AstraZeneca.   

“A velocidade é essencial não apenas para proteger as pessoas e suas comunidades sociais, mas também para reduzir a possibilidade de surgimento de outras variantes do vírus”, disse. O plano do premiê é concentrar “todas as energias” na vacinação, recorrendo inclusive à Defesa Civil e às Forças Armadas.   

“Não podemos limitar a vacinação a lugares específicos, muitos dos quais ainda não estão prontos. Temos o dever de levá-la a todas as estruturas disponíveis, públicas ou privadas”, ressaltou.   

Draghi discursou durante 53 minutos e ainda defendeu a “irreversibilidade” do euro e políticas monetárias expansionistas, prometeu investimentos em pesquisas e políticas de igualdade de gênero e citou o plano de confiar a reforma fiscal a um grupo de “especialistas”, preservando o princípio da progressividade.   

Além disso, assim como todos os governos anteriores, o primeiro-ministro cobrou uma reforma no sistema de refúgio na União Europeia e a criação de uma política de repatriações no bloco.   

Com apoio de praticamente todos os partidos, Draghi não deve ter dificuldade para obter o voto de confiança, mas ainda é incerto o quão divididas podem ficar algumas siglas, como o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).   

O resultado da votação da confiança ao premiê no Senado deve sair apenas durante a noite, enquanto a Câmara dos Deputados se pronunciará nesta quinta-feira (18). (ANSA).