Com a saída de Juscelino Filho (União Brasil-MA), o União Brasil já se movimenta para indicar o nome do líder do partido na Câmara dos Deputados, Pedro Lucas Fernandes (MA), para assumir o Ministério das Comunicações. O nome do deputado já teria o aval do Palácio do Planalto.
Mesmo com a articulação em nome do maranhense, deputados e alguns interlocutores do Planalto acreditam que a nomeação só deve acontecer em um cenário de reforma ministerial. Como mostrou a IstoÉ, a saída de Juscelino Filho, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeitas de desvio de emendas parlamentares, reacendeu a discussão de trocas na Esplanada dos Ministérios.
A indicação de Pedro Lucas é capitaneada pelo presidente do partido, Antônio Rueda, que quer alavancar seu aliado nas articulações políticas. Até se tornar líder, o deputado mantinha discrição nos corredores do Salão Verde.
A tendência é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúna com líderes e presidente dos partidos do Centrão para negociar as trocas. Em troca, Lula quer o comprometimento de apoio das legendas à sua candidatura à reeleição em 2026.
Esse tópico é um dos pontos que divide o União Brasil e demais partidos do Centrão. As legendas têm evitado se comprometer com o apoio de imediato e pedem mais tempo para avaliar os cenários políticos nos próximos meses. A alta rejeição de Lula e as crises do governo são dois dos motivos de resistência do Centrão.
Uma ala do União, por exemplo, pede o desembarque definitivo da legenda do governo Lula. Entretanto, membros do partido ouvidos pela reportagem acham difícil a saída do partido do Planalto, mas admite a dificuldade de garantir o apoio total em votações no Congresso Nacional.
Saída de Juscelino Filho
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, confirmou seu pedido de demissão após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de desvio de emendas parlamentares. A carta de demissão foi enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no fim da tarde de terça-feira, 8.
Ele foi denunciado pela PGR por suspeita de desvio de emendas parlamentares enviadas à cidade de Vitorino Freire (MA), que era comandada por Luanna Rezende, irmã do ministro. O processo segue em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sob sigilo, com relatoria do ministro Flávio Dino.
A demissão do agora ex-ministro das Comunicações foi costurada durante todo o período da tarde. Internamente, interlocutores do Palácio do Planalto e aliados de Juscelino tentaram convencê-lo a tomar a atitude para não aumentar o desgaste para ele e para o governo.
Desvio de verba federal
Em janeiro de 2024, uma reportagem do Estadão mostrou que o então parlamentar direcionou R$ 5 milhões do chamado ‘orçamento secreto’ para asfaltar uma estrada de terra próxima à sua fazenda, na cidade de Vitorino Freire (MA). À época, a prefeita do município era Luanna Rezende, irmã do ministro.
No relatório final da investigação que fundamentou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), a Polícia Federal constatou também a existência de irregularidades nas licitações para obras de pavimentação asfáltica da prefeitura, com o intuito de favorecer o empresário Eduardo José Costa Barros, conhecido como Eduardo DP.
Segundo o documento, em contrapartida, o empresário teria realizado pagamentos de propina a Juscelino utilizando intermediários.
Mesmo com as denúncias, à época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bancou a permanência do titular das Comunicações no cargo, mas prometeu afastá-lo caso a denúncia fosse apresentada pela Procuradoria-Geral da República.