União Brasil acende luz amarela na base de Lula

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Executiva Nacional do União Brasil vota sobre pedido provisório de afastamento e expulsão de Luciano Bivar (PE) Foto: REUTERS/Adriano Machado

Lula comemorou nesta quinta-feira a finalização do seu ministério como um grande arranjo de equalização de forças de diversos partidos e estava sorrindo de orelha a orelha por ter conquistado uma base de apoio no Congresso inigualável. O PT fez as contas e chegou à conclusão que a união de forças em torno do seu governo pode render até 287 cadeiras na Câmara e 47 votos no Senado. Os petistas chegam a esses números contabilizando os votos do União Brasil, dando como favas contadas o apoio do partido de Luciano Bivar, que tem 59 cadeiras na Câmara e 10 no Senado.

De fato, se o União Brasil estivesse efetivamente satisfeito com o acordo com Lula, realmente o governo petista poderia estar soltando fogos nesta passagem de ano, comemorando uma das maiores bancadas de apoio no Congresso. Ocorre que a realidade é outra e o União Brasil não pode ser considerado um partido como integrante da base aliada.

O presidente do União Brasil, Luciano Bivar, já deixou claro que as escolhas de Lula de três nomes que seriam supostamente indicados pela direção de seu partido não representam a agremiação e que suas bancadas deverão ficar independentes, tanto na Câmara como no Senado.

Senão, vejamos. Lula nomeou o governador Waldez Góes, do PDT do Amapá, como um nome indicado pelo União Brasil. E isso não corresponde à verdade. Afinal, Góes foi escolhdo, isto sim, a pedido do senador Davi Alcolumbre (UB-AC). Ele “vendeu” a Lula a ideia de que Góes se transferiria depois para o União, o que o governador do Amapá não confirma. No fundo, o governador do Amapá atende única e exclusivamente o senador Alcolumbre, que, diga-se de passagem, não é tão bem visto por Bivar. Alcolumbre vem da parte do DEM que entrou no União meio forçando uma barra contra a turma de Bivar, que efetivamente manda no União Brasil.

Além de Góes, Bivar também não ficou nada feliz com a indicação de Juscelino Filho, para o Ministério das Comunicações, e de Daniela do Waguinho, para o Turismo. Bivar diz que nenhum desses nomes representa o União Brasil e que o partido deve manter-se independente, sem ter o compromisso de votar com o governo no Congresso. Ou seja, pode eventualmente votar contra Lula.

Isso significa, portanto, que Lula pode deixar de ter todos os 59 votos do União Brasil na Câmara e ficar mais longe de ter maioria para votar as matérias constitucionais, as chamadas PECs, que precisam ter 308 votos para ser aprovadas. Na verdade, Lula pode não ter maioria na Câmara para votar nem ao mais elementares projetos. O que o presidente precisa, isto sim, é uma “conversa” com Bivar, que sabe muito bem como gira a roda. Sem um acordo com ele, Lula terá dificuldades de manter a governabilidade. É pagar para ver.