Principal porto de entrada de africanos trazidos ao Brasil para serem vendidos como escravos na América Latina, o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, recebeu da Unesco o título de Patrimônio Mundial Cultural. Trata-se de um sítio arqueológico, descoberto em 2011 durante as obras de revitalização da Zona Portuária da cidade. Andemos um pouco pelo Valongo, e ainda veremos parte do histórico calçamento de pedras que datam de 1811, quando ele começou a ser construído, e, também de pedras, enxergaremos um porto feito especialmente para acolher no Brasil a princesa Tereza Cristina de Bourbon, mulher do Imperador dom Pedro II, que aqui desembarcou em 1843 (essa região corresponde, na Rio de Janeiro atual, à Praça do Comércio). A caminhada pelo Valongo nos revela armazéns nos quais os escravos eram mercadejados, os precários locais de segregação dos portadores de doenças infecciosas (os chamados Lazaretos) e o Cemitério dos Pretos Novos onde eram enterrados os negros que ancoravam já mortos nos navios negreiros (aqueles que morriam, como registrou o poeta Castro Alvez, “sem luz, sem ar, sem razão”). A importância maior da iniciativa da Unesco de transformar o Valongo em Patrimônio Cultural (apoiada por vinte e um países) é a de preservar a lembrança de um passado enodoado, não somente no Brasil mas em diversas colônias, justamente para que ele não volte a existir nunca mais – o passado do regime escravocrata. Historicamente, o Valongo tem relevância mundial se lembrarmos que nele desembarcaram cerca de dois milhões de negros, o que o tornou o maior porto escravagista da jornada humana. Sabemos que o trabalho escravo, agora ilegal, perdura no Brasil, e números recentes dão conta de que dois mil brasileiros foram libertados de “condições análogas à escravidão” nos últimos anos. Tomara que o tombamento do Valongo ajude a extinguir essa vegonha nacional.

4.961

é o número de passos que, em média, um pessoa dá diariamente. A conclusão é de cientistas americanos da Universidade de Stanford. Eles monitoraram o quanto se anda em diversos países a partir de dados de smatphones com aplicativos que registram os movimentos. Hong Kong é onde a população mais anda: 6.880 passos por dia. A média brasileira é de 4.289 passos. O Brasil está na 40ª posição em um ranking de 46 países.

Corrupção 
“Lava Jato peruana” prende o ex-presidente Ollanta Humala e sua mulher

AFP PHOTO / LUKA GONZALES



A Justiça do Peru determinou a prisão do ex-presidente do país Ollanta Humala e de sua mulher, Nadine Heredia (foto). Motivo: em operações ilícitas que envolvem a Odebrecht, o casal é acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A prisão, embora preventiva, teve o tempo estipulado em 18 meses. Segundo delações de Marcelo Odebrecht, feitas no Brasil à Lava Jato e repassadas ao MP peruano, Humala e Nadine receberam US$ 3 milhões na campanha política de 2011. A Odebrecht declara ter pago US$ 29 milhões em proprinas nos governos de Humala, Alejandro Toledo e Alan García.

Religião
Glúten abençoado

Andrew Medichini



Do Vaticano para os bispos de todo o mundo: não é pecado se as hóstias forem feitas com farinha geneticamente modificada, mas elas têm necessariamente de conter glúten (proteína vegetal que em alérgicos causa diarreia e fadiga). Não é permitido trocá-lo por outro ingediente para se obter a liga na massa. Nos EUA determinou-se: católicos portadores de doença celíaca comungão só com vinho.

Comportamento
Sangue brasileiro salva bebê na Colômbia

Pela primeira vez o Brasil exportou sangue na semana passada – e foi para salvar a vida de uma bebê colombiana de 15 meses de idade. A criança, sob risco de morte, precisava com urgência do raríssimo tipo de sangue (0,1% da população mundial) conhecido como “Bombaim”. O doador foi um morador de Fortaleza, de 23 anos (nome não revelado).

Justiça
Os rastaqueras e “o da mala”

ANDRE DUSEK/ESTADAO

Aos crédulos que acham que a Lava Jato vai melhorar o caráter nacional, do qual faz parte o “jeitinho do privilégio” (que é corrupção), eis o jato d’água fria: a Secretaria de Administração Penitenciária de Goiás admitiu que a tornozeleira de Rodrigo Rocha Loures (o da mala) foi emprestada do Departamento Penitenciário (ligado ao Ministério da Justiça). Há déficit de 4000 tornozeleiras. Ou seja: 4000 presos não foram para a rua por falta delas. Loures furou a fila, e os presidiários rastaqueras, que nada entendem de mala, seguem atrás das grades. O MP requisitou a tornozeleira de volta, mas a justiça negou o pedido.