Bolsonaro demonstra total incapacidade política. Ao nomear a deputada Flávia Arruda para a Secretaria de Governo, criou outro problema. Ela chega ao Palácio do Planalto na condição de ter sido a presidente da Comissão do Orçamento que provocou um rombo fiscal de R$ 31 bilhões, lambança que pode levar o presidente a cometer crimes de responsabilidade, mas mesmo assim foi contemplada pelo capitão, atendendo à imposição de Arthur Lira. Ocorre que o governo já tem 4 ministros deputados e o Senado, sem nenhum, esperava ter um dos seus membros indicados para o ministério. O mandatário desprezou nomes indicados pela Casa, como o de Davi Alcolumbre. Em represália, o Senado pode dificultar a vida do governo, inclusive abrir a CPI da Saúde para pegar o mandatário e o general Pazuello.

Perigo

Além do mais, Flávia é casada com o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, que foi preso depois de flagrado recebendo dinheiro de propinas na Operação Caixa de Pandora, o que abre antecedentes perigosos, sobretudo num período em que o governo tenta acabar com a Lava Jato e afrouxar o combate à corrupção. Não é um bom sinal.

Valdemar

Além de ser bancada por Lira, réu por corrupção, Flávia é do PL, partido comandado por Valdemar da Costa Neto. O ex-deputado esteve preso até recentemente por causa do mensalão, acusado de embolsar verbas públicas para apoiar Lula. Sua ex-mulher, Christina Mendes Caldeira, está escondida nos EUA desde 2017, temendo ser morta: ela sabe muito.

Até tu, Lira

DIDA SAMPAIO

Não convidem Paulo Guedes e Arthur Lira para a mesma mesa. O ministro está batendo de frente com o presidente da Câmara, repetindo as trombadas com Rodrigo Maia. Lira já reclamou do ministro a Bolsonaro, dizendo que ele perdeu as condições de gestão da economia. Pede sua cabeça, dizendo que o fracasso da economia será fatal para a reeleição.

Retrato falado

“A pressão pelo impeachment de Bolsonaro só vai aumentar” (Crédito:Chico Ferreira)

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara, entende que a tentativa de Bolsonaro de fazer uso político das Forças Armadas é mais um motivo para ele sofrer processo de impeachment, além dos inúmeros crimes de responsabilidade cometidos pela inação no combate à pandemia. Já são quase 100 pedidos de impedimento contra ele na Câmara.“Se o Congresso não propuser sua saída, será cúmplice da desgraça que se abate sobre  Brasil”, diz o deputado,

Picanha ao ponto

Enquanto milhares de brasileiros passam fome por causa da pandemia, militares são tratados a pão de ló nas casernas do militarista Bolsonaro. No ano passado, o governo comprou para as várias unidades das Forças Armadas nada menos do que um milhão de quilos de filet mignon, 700 mil quilos de picanha, 438 mil quilos de salmão, 148 mil quilos de lombo de bacalhau e 80 mil cervejas. Esses dados foram revelados pelo deputado Elias Vaz, da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Deputados do PSB querem que a PGR investigue a mordomia. O novo ministro da Defesa, Braga Netto, terá que ir à Câmara no próximo dia 28 para explicar a gastança. Começa mal.

Superfaturamento

O deputado considera que esse tipo de cardápio “está muito distante da realidade da maioria dos brasileiros” e quer uma apuração rigorosa sobre as compras. Descobriu que há também indícios de superfaturamento de 60% na compra da picanha, adquirida por R$ 84 o kg e da alcatra, comprada por R$ 82 o kg.

Toma lá dá cá

Igor Timo, líder do Podemos na Câmara (Crédito:Sudrefotografo)

Por que o Congresso não abre a CPI da Covid para apurar responsabilidades pela tragédia?
Somos favoráveis à CPI, tanto que o Podemos no Senado apresentou pedido nesse sentido. Há os que querem apuração e punição, e há os que querem fazer da tragédia um palanque político.

Acha que Bolsonaro deve ser responsabilizado pelo elevado número de mortes?
O momento de responsabilizar politicamente os culpados é na eleição de 2022. Agora é hora de salvar vidas.

Por que a vacinação no Brasil caminha de forma tão lenta?
Países europeus, asiáticos e os EUA saíram na frente na busca por vacinas. A recente aprovação do PL 534/21, do
qual fui relator na Câmara, permitirá acelerar a imunização em todo o país.

Marina voltou

Marcello Casal Jr/Agência BrasilIsolada em sua casa em Rio Branco desde março do ano passado por causa da pandemia, a ex-senadora Marina Silva quebrou o silêncio e disse estar apreensiva com a falta de ação do governo no combate à Covid. “Bolsonaro é o pior dos piores de toda a história do rasil”, tanto para a saúde, como para a economia, educação e meio ambiente.

Golpe no ar

Ao comentar a intervenção do presidente nas Forças Armadas, a ex-senadora afirmou que “Bolsonaro sempre deixou claro ao longo de sua vida pública ser golpista. Defende torturadores e sempre quis passar por cima do Congresso e do STF. Não é novidade que esteja criando condições para o golpe”. Marina ainda não decidiu se será candidata em 2022.

O nepotismo do supremacista

Arthur Max/MRE

Anelise do Rocio Hauagge, namorada de Filipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro, que fez o gesto supremacista durante sessão do Senado, ocupa cargo de confiança no Ministério da Ciência e Tecnologia, comandado pelo astronauta Marcos Pontes. Ela é gerente de projetos na pasta e recebe salário de R$ 10,3 mil desde janeiro de 2021.7

Rápidas

* Pazuello já saiu há 15 dias, mas o efeito de sua técnica em “logística” continua. Em março, o ministério prometeu entregar 46 milhões de doses e só distribuiu 20 milhões. Em abril, a promessa era entregar 47 milhões e Queiroga diz que só vai ter 25 milhões.

* A questão não é por que Bolsonaro gastou R$ 2,3 milhões nas férias de dezembro, mas é por que torrou esse dinheirão para promover aglomerações nas praias do Guarujá e de São Francisco do Sul com recursos públicos.

* O presidente negacionista põe em risco os que o cercam. Desde o início da pandemia, 460 funcionários do Palácio do Planalto pegaram Covid, o que representa 13% do total de 3.500 funcionários — o dobro da média brasileira.

* O desemprego continua a passos largos. Em janeiro, a taxa ficou em 14,2%, significando que 14,3 milhões de pessoas procuravam emprego. Em janeiro de 2020, a taxa era de 12,2%. Em um ano, 2,4 milhões foram demitidas.

Correção:

Diferentemente do que foi publicado na edição de semana passada, Anelise do Rocio Hauagge, namorada de Filipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro que fez o gesto supremacista no Senado, não trabalha no Ministério da Ciência e Tecnologia, conforme consta no Portal da Transparência. Ela, na verdade, ocupa cargo de gerente de projetos no Ministério das Comunicações e recebe salário de R$ 10,3 mil. Em nota, a assessoria do Ministério da Ciência e Tecnologia informou que os dados sobre servidora ainda não foram atualizados na plataforma.