Desde criança, Charles Ludlam mostrava certa inquietação por coisas que pareciam muito reais e certinhas. Sua brincadeira preferida era a de inventar, seja com marionetes, criando histórias, ou de se fantasiar de seu pai. O teatro, então, surge como esteio para suas ideias repletas de humor. Em 1965, ainda na universidade, o jovem surge à frente do grupo Theatre of the Ridiculous, que se mistura com o gênero do Teatro do Absurdo, no conceito referenciado pelo crítico Martin Esslin.

Ao longo da carreira, Ludlam empunha o gênero como possibilidade de praticar o crossdressing – o transformismo, no qual homens se vestem com roupas convencionalmente usadas por mulheres. Foi assim que nasceu a drag Camille, persona feminina criada pelo autor de O Mistério de Irma Vap.

O autor, que já começa brincando com a palavra vampira, escondida no título da peça, passou como um furação ao reunir elementos da cultura pop e do humor, em um espetáculo experimental que, mais tarde, ganharia o mundo.

No Brasil, a estreia foi com Marco Nanini e Ney Latorraca, em 1986. A produção fez temporada no Teatro Casa Grande, no Rio, e foi mais do que bem-recebida, cumprindo onze temporadas, além de percorrer diversas cidades do País. O fenômeno acabou posicionando a produção no Guiness World Book of Records como o espetáculo teatral que se manteve mais tempo em cartaz, com o mesmo elenco, no planeta em todos os tempos.

Em 2008, foi a vez de Cássio Scapin e Marcelo Médici encarnarem as oito esquisitices do casarão. “Quando assisti à peça com Marco Nanini e Ney Latorraca, nunca imaginei que um dia faria o espetáculo”, lembra Médici. “O que me seduziu no projeto foi a oportunidade de ser dirigido por Marília Pêra, gênio insubstituível no teatro brasileiro.” Diante da nova produção, o ator celebra a peça e passa o bastão. “O texto é um clássico, e agora estará nas mãos dos talentosos Luis Miranda e Mateus Solano!” (Colaborou Adriana Del Ré)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.