A queda significativa e tão cedo dos índices de aprovação do presidente Lula da Silva mexeu com o jogo do Poder. Caciques de partidos de centro acreditam que vem aí nova onda de direita no Brasil, a despeito da derrocada de Jair Bolsonaro, com militantes mais disciplinados nas ruas, novos nomes nas urnas. No convescote nas executivas, aponta-se o desgaste natural do PT nos últimos 20 anos com o retorno de um Lula não mais forte como antes – os 2 milhões de votos de vantagem contra Bolsonaro, num País deste tamanho, não são nada, consideram os analistas que circulam nos diretórios. Isso motiva a potencial federação do Progressistas com o Republicanos. Embora este último ensaie uma reaproximação com Lula, os dirigentes ficaram cautelosos com os seus índices. Outro na moita é o União Brasil, que apesar de manter três ministérios neste Governo (Turismo, Comunicações e Desenvolvimento Regional) tem seu DNA na direita, vindo da fusão do DEM com o PSL. E pode repensar sua posição até 2025.

Partidos de centro acreditam que Lula da Silva não garante seu inquilinato no Palácio: o desgaste, antes apenas do PT, transpassou à sua pessoa

O fator PSD na equação do Palácio

Deputados não precisam de ajuda para empenharem emendas individuais: são as impositivas, direto na conta, R$ 51 milhões para cada parlamentar. Antes dessa modalidade criada há seis anos, dependiam da boa vontade do ministro de plantão no Palácio, e ficavam na mão do presidente da República. Hoje eles só precisam do Palácio para liberar o dia do pagamento das emendas. Por isso, embora negue ingerência, Lula da Silva ordenou aos palacianos que encontrem urgente um presidente da Câmara para chamar de seu. Cresce o nome de Antônio Brito (PSD-BA) entre portas. Por não ser do PT, facilitaria a negociação com outras bancadas por votos.

Dois joelhos ao chão

Após a meteórica aparição na campanha de 2022, o controverso Padre Kelmon ressurgiu no cenário causando mais confusão. Anunciou em suas redes sociais que seria candidato do PRD (fusão do PTB com Patriota) à Prefeitura de São Paulo. Foi excomungado, porque não avisou a ninguém da executiva. Ajoelhou agora no PRTB, com a mesma missão. A conferir.

Contra índices ruins, Lula pede pressa

Foto divulgada pelo Palácio do Planalto mostra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista coletiva Adis Abeba, Etiópia, em 18 de fevereiro de 2024 - Brazilian Presidency/AFP
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O presidente Lula da Silva não tem o que entregar. Isso influenciou diretamente na queda dos índices de sua aprovação e de seu Governo. As viagens seguidas ao exterior, para se dizer inocente na operação Lava Jato, o PAC travado e a bronca de congressistas com suas demandas em obras que não saem do papel para municípios contribuem para o cenário. Soma-se a isso o rancor que ele tem exposto na mídia contra seus algozes no Judiciário, em diferentes entrevistas desde que assumiu. A despeito do timing para arrumar a Casa, como praxe em troca de Governos, o presidente voltou vociferando, e isso não ajuda.

O Poder passa pelas montanhas

Romeu Zema, governador de Minas Gerais: “Se há estados que podem contribuir para este País dar certo, eu diria que são estes sete aqui (Sul/Sudeste). São estados onde, diferentemente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial” (Crédito:Zanone Fraissa)
Romeu Zema, governador de Minas Gerais (Crédito:Zanone Fraissa)

Lula da Silva vai começar a visitar mais Minas Gerais. Projeto eleitoral puro. É o 2º colégio eleitoral do Brasil e fiel da balança toda eleição. O governador Romeu Zema (Novo), embora bem aprovado no interior, tem perdido apoios seguidos na Assembleia Legislativa. Zema deve sair ao Senado em 2026 e, na outra ponta, deve ter o deputado federal Aécio Neves (PSDB) como concorrente. Caso oficializem a candidatura, ambos são potenciais nomes à Casa Alta. De olho no caminho aberto para o Governo, Lula vai investir no senador aliado Rodrigo Pacheco (PSD) como seu futuro palanque no Estado.

Tiros resvalam na aposta lotérica

Polícia Civil do Rio de Janeiro está na iminência de desvendar, se assim quiser, a motivação da morte do advogado no Centro da capital. Suspeita-se de conexão com a operação da Loterj, de onde um grupo poderoso foi apeado, e pode esbarrar em deputados que deram guarida aos criminosos.

Apitaço na CCJ

A deputada Caroline de Toni (PL-SC), presidente da CCJ, estreia com polêmica. Pode virar alvo da Procuradoria-Geral da República. Orbita nas mesas denúncia contra ela, por incitação ao crime ao citar “banho de sangue” contra indígenas. O pedido da ONG Articulação dos Povos Indígenas do Brasil está com a procuradora Eliana Torelly.

Escola sem Partido

A missão dada pelo PL ao presentear o jovem deputado Nikolas Ferreira (MG) com a presidência da Comissão de Educação é a de combater a ideologia partidária na sala de aula. Para a militância da direita, há décadas existe uma discreta, porém forte na lousa, tendência dos professores ligados a sindicatos bancados pela esquerda.

NOS BASTIDORES

Discrição na caserna

Os 60 anos do golpe militar, no próximo dia 31 de março, passarão com discrição no famoso Clube Militar: informou que não pretende ato oficial ou celebração sobre a data.

Vendeta contra Moro

Sergio Moro, em perigo no mandato, correu com equipe jurídica, chefiada por Gustavo Guedes, para levantar documentos que assegurem a esposa Rosângela Moro na Câmara. A vendeta da oposição está pesada.

Cadê o finger?

Maior aeroporto, o Cumbica de Guarulhos vive como formigueiro. Não bastasse terminal apertado para voos domésticos, tem atrasos no desembarque. No domingo (10), o Boeing do voo 1419 da GOL esperou 22 minutos até aparecer operador do finger.

A Turma Sarney

José Sarney vai fazer rara aparição pública dia 12 de abril. O ex-presidente será paraninfo da turma de ciências políticas da Faculdade Republicana, em Brasília, a convite do amigo Elpídio Amanajas.