PODER Enquanto a população não tem acesso a alimentos e remédios, Maduro luta para continuar no cargo (Crédito:Divulgação)

Após 15 anos de controle de câmbio, o governo da Venezuela anunciou uma nova plataforma cambial que resultará em uma desvalorização de 99,6% do bolívar, a moeda do país. O subsídio estatal foi instituído em 2003 com a promessa de evitar uma crise. O que aconteceu foi justamente o contrário. Nesses anos, criou-se uma distorção entre o câmbio oficial e a realidade. No mercado paralelo, um dólar pode ser trocado por 230 mil bolívares. Durante muito tempo o governo não quis acabar com esse controle cambial para não mostrar como a moeda havia se desvalorizado.

A crise econômica e a inflação acumulada, que chegou a 2.000% em 2017, parecem não preocupar o presidente Nicolás Maduro, interessado apenas em manter o poder a qualquer custo. O líder venezuelano antecipou as eleições presidenciais para o final de abril. Inicialmente, o pleito seria realizado no segundo semestre. A antecipação seria uma forma de esvaziar as chances de sucesso da oposição, completamente desorganizada após uma tentativa de boicotar as eleições municipais de dezembro do ano passado. A estratégia de boicote não deu certo e resultou na consolidação do poder de Maduro.

Calamidade

Enquanto o presidente destrói a economia de seu país, a empobrecida população venezuelana é castigada de forma inclemente. Os alimentos estão cada vez mais escassos e muitos doentes permanecem sem acesso a medicamentos básicos. A criminalidade aumentou e os sequestros e latrocínios se tornaram comuns. O cenário de desordem provoca uma fuga em massa. Muitos vêm parar no Brasil. Só em Boa Vista, Roraima, já são 40 mil refugiados – número suficiente para que tenha sido decretado estado de emergência. Na falta de uma política eficaz para atender o fluxo de imigrantes, resta aos venezuelanos viver em abrigos, dividir casas como se fossem cortiços ou morar nas ruas.

A situação é tão grave que os Estados Unidos já ameaçam invadir a Venezuela. O presidente americano Donald Trump passou a adotar um comportamento mais agressivo contra o governo de Maduro e sinalizou a intenção de levar seu exército ao país, mas a proposta não foi bem recebida. Agora, o secretário de Estado, Rex Tillerson, está viajando pela América Latina tentando criar uma frente unificada para impor ainda mais sanções a Maduro. Até agora, no entanto, essas sanções não têm tido o efeito esperado pelos EUA.