Reconhecimento histórico, merecido e necessário. Infelizmente, o Brasil não é um País que incentiva a educação e a ciência, um erro que cobra um valor alto, principalmente quando nossos talentos são recrutados por grandes potências. É o caso da física brasileira Angela Villela Olinto, que entrou para a história na última semana ao ingressar em duas prestigiadas instituições científicas dos Estados Unidos no mesmo momento: a Academia Americana de Artes e Ciências e a Academia Nacional de Ciências. Feito incomum, para não dizer quase impossível.

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FORA DA CURVA Angela Olinto lidera projetos da NASA e na Universidade de Chicago: reconhecimento mundial (Crédito:Divulgação)

Mesmo em um País que desampara seus cientistas, Angela, de 59 anos, sempre se dedicou às pesquisas. Formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), mergulhou no estudo das astropartículas e tornou-se referência mundial. Tamanho brilhantismo chamou atenção de instituições de renome, como a Universidade de Chicago, nos EUA, da qual é reitora da Divisão de Ciências Físicas e Matemáticas, e da NASA, que financia suas pesquisas. Em entrevista à ISTOÉ, ela revela que o amor pela profissão fez total diferença na carreira e, claro, nas homenagens que recebeu. “É o ápice do reconhecimento, foi super especial, mágico”, diz. “Espero que tenha inspirado outras pessoas”. Angela agora integra um time seleto de mentes brilhantes, como Albert Einstein e Charles Darwin, que também foram membros da Academia Americana de Artes e Ciências. Mas, nem mesmo eles entraram simultaneamente na Academia Nacional de Ciências, como aconteceu com a cientista brasileira. Angela, contudo, não se sente pressionada pela façanha conquistada. Ela encara a situação com naturalidade, demonstrando que nasceu para ser uma referência e quebrar paradigmas.

Mulheres na ciência

Os membros selecionados para a Academia Americana de Artes e Ciências precisam atender a um requisito comum: serem líderes em suas áreas, seja nas artes, no conhecimento científico, nas relações públicas, entre outras. De 120 vagas na academia em 2021, 59 foram ocupadas por mulheres, o maior número já eleito. Ou seja, num mundo machista e sedento por igualdade de gênero, Angela participa de uma revolução feminina e não está sozinha. “As mulheres mostraram que não há diferença na capacidade com os homens, algo que não acontecia há 100 anos”, destaca a cientista. Atualmente, Angela concentra seu trabalho na NASA, especificamente no programa Poemma (Sonda dos multi-mensageiros astrofísicos extremos, em português), projeto que pretende estudar astropartículas energéticas e raios cósmicos. Ela confessa que a pesquisa pode virar uma missão espacial até 2030. “A NASA é muito especial pra mim, financia minhas pesquisas, me dá estrutura de trabalho e isso me ajuda muito”, conta. Questionada se poderia dar uma dica para as mulheres que sonham em ser cientistas, sobretudo as brasileiras, ela é enfática: “Sonhe os maiores sonhos. Escolha um caminho e foque, isso fará a diferença”.