Internacional

Ao contrário do que vem acontecendo na maior parte do mundo, a Suécia resolveu encarar o novo coronavírus de maneira branda demais. Com a desculpa de que o bom nível da cultura sueca daria conta de conter o espalhamento da Covid-19, o governo decidiu deixar que a população se autorregulasse sobre o distanciamento social para conter a pandemia. No sábado 4, a irresponsabilidade das autoridades pode ser vista nos bares e restaurantes repletos de pessoas. Ou seja: enquanto os vizinhos europeus se confinavam dentro de casa para conter a pandemia, na Suécia era como se nada estivesse acontecendo.

Como era de se esperar, os resultados foram desastrosos. Na terça-feira 7, os infectados na Suécia chegaram a 7.693 e 591 mortes, acima das vítimas dos países vizinhos, Finlândia, Noruega e Dinamarca. Em menos de 24 horas, 100 pessoas morreram. Diante da denúncia de que as ações do governo visavam priorizar a saúde econômica em detrimento da vida de seus cidadãos, mais de dois mil especialistas assinaram uma petição solicitando ao governo medidas mais contundentes para combater a disseminação do vírus, entre eles Carl-Henrik Hendin, presidente da Fundação Nobel. Com a pressão da sociedade, na terça-feira 7, uma nova lei foi apresentada para dar ao governo poderes de tomar medidas mais efetivas para conter a contaminação, entre elas fechar temporariamente estabelecimentos comerciais e locais de encontro social e cultural, além de restringir viagens. Ela deve entrar em vigor depois da Páscoa. Ainda que uma boa notícia, as medidas são tardias demais tendo em vista a gravidade da Covid-19.

Uma lentidão que causa mortes
“Vamos enfrentar milhares de mortes, temos de nos preparar para isso” Stefan Lofven, primeiro-ministro da Suécia, ao mudar de posicionamento após pressão da sociedade (Crédito:Jonathan NACKSTRAND / AFP)

Mudou o tom

O governo vinha adotando até aqui o isolamento vertical, ou seja, deixar o vírus se espalhar para desenvolver naturalmente a imunidade em parte da sociedade. O primeiro-ministro social-democrata Stefan Lofven, orientado pela Agência de Saúde Pública da Suécia, apenas recomendou às pessoas com mais de 70 anos que ficassem em casa. Sugeriu também aos trabalhadores que fizessem home office dentro de suas possibilidades. Estavam proibidas visitas a casas de idosos e reuniões com mais de 50 pessoas.

É verdade que, diferentemente dos latinos e europeus do sul, os suecos não são adeptos de tocar, abraçar e beijar as pessoas ao cumprimentá-las. Além disso, o país mantém um status quo de confiança entre cidadãos e governo. Contar apenas com a cultura de um povo para combater o novo coronavírus, no entanto, foi uma péssima ideia.