Uma herança de 12 bilhões de euros: o futuro do Grupo Armani

MILÃO, 5 SET (ANSA) – Por Paolo Algisi – O estilista italiano Giorgio Armani, que morreu na última quinta-feira (4), aos 91 anos, não só deixou um legado na moda mundial como uma fortuna de US$ 12,1 bilhões, segundo o ranking de bilionários da revista Forbes, no qual ocupava a 234ª posição.   

Já o índice de bilionários da Bloomberg aponta uma fortuna pessoal de mais de US$ 9,5 bilhões, cujo coração é a Giorgio Armani SpA, um grupo com 2,3 bilhões de euros em receita.   

Fundador de um império no setor de luxo, Armani faleceu, deixando para trás não apenas um legado criativo indelével, mas também um sólido império industrial e uma fortuna que o coloca em quarto lugar entre os homens mais ricos da Itália.   

O estilista nascido em Piacenza não detém apenas uma participação de 99,9% na Armani SpA, que construiu ao longo de meio século de trabalho apaixonado, estabelecendo estruturas de governança para o futuro com bastante antecedência e com o mesmo rigor que caracterizou seus sucessos nas passarelas.   

Ele também possui um vasto portfólio imobiliário ? da espetacular vila em Pantelária, na região da Sicília, à residência de verão em Forte dei Marmi; da casa no centro de Milão na Via Borgonuovo à adorada Villa Rosa na área de Oltrepò Pavese, além de inúmeras outras residências ao redor do mundo, de Saint Moritz a Paris e Saint Tropez.   

Entre seus bens há também obras de arte, o time de basquete Olimpia Milano e, finalmente, o histórico clube La Capannina, um dos lugares favoritos de Armani, comprado há poucos dias.   

O estilista não teve filhos, mas a expectativa é de que seu império seja herdade pelos três sobrinhos, Silvana e Roberta, filhas de seu falecido irmão Sergio, e Andrea Camerana, filho de sua irmã Rosanna. Todos os quatro fazem parte do conselho de administração da Armani, juntamente com seu braço direito de longa data, Leo Dell’Orco, chefe das linhas de moda masculina da casa de moda, e o empresário Federico Marchetti, fundador da Yoox.   

A forma como o patrimônio será dividido entre familiares e associados próximos só será conhecida quando o testamento for aberto. O ativo mais importante, devido ao seu valor industrial, criativo e social ? empregando mais de 10 mil pessoas ? é obviamente a Giorgio Armani S.p.A., um grupo de artigos de moda e luxo com 12 fábricas e mais de 2,7 mil boutiques em 60 países.   

A companhia produz e distribui roupas, acessórios, óculos, relógios, joias, artigos para o lar, perfumes e cosméticos, sob as marcas Giorgio Armani, Emporio Armani, EA7 e Armani Exchange.   

Em um 2024 desafiador para a indústria da moda, a empresa reportou receitas de 2,3 bilhões de euros, uma queda de 6% em relação a 2023, e os lucros caíram de 163 milhões de euros para 51,6 milhões.   

Os resultados decrescentes não impediram investimentos recordes de 332 milhões de euros, em parte destinados à reforma de seus carros-chefes mais reluzentes ? do edifício Madison Avenue em Nova York ao Emporio Armani Milano, do Palazzo Armani à nova sede em Paris ?, financiados sem recorrer a dívidas e deixando a empresa com 570 milhões de euros em caixa.   

Armani não deixou nada ao acaso. Com o início da sucessão, os novos estatutos ? elaborados em 2016 e revisados em 2023 ? entrarão em vigor, estabelecendo seis classes de ações (de A a F), com diferentes direitos de voto e prerrogativas de governança, mas direitos patrimoniais iguais.   

A Fundação Armani desempenhará um papel central. A empresa será composta por três pessoas escolhidas por Armani e terá a tarefa de “garantir o equilíbrio dentro da Giorgio Armani SpA”, a “harmonia” entre os herdeiros e impedir que o grupo seja “adquirido por terceiros ou desmembrado”, afirmou o designer, sem descartar, mais recentemente, a possibilidade de o grupo um dia perder sua independência.   

Mas não agora. Os estatutos, que só podem ser alterados com 75% dos votos na assembleia geral, assim como fusões e cisões, determinam “prioridade ao desenvolvimento global contínuo do nome ‘Armani'”, cultivando “um estilo essencial, moderno, elegante e discreto”. A listagem na bolsa de valores só será considerada cinco anos após sua adoção. (ANSA).