Em meio às discussões sobre porte de armas nos Estados Unidos, um novo caso de violência chocou o mundo, especialmente por não ter os ingredientes normalmente associados aos eventos do tipo. Na terça-feira 3, Nasim Najafi Aghdam, de 39 anos, invadiu a sede do YouTube, em San Bruno, no norte do estado da Califórnia, e abriu fogo contra funcionários reunidos em uma área externa. Feriu três pessoas, uma delas gravemente. Foi encontrada morta pela polícia, aparentemente após ter cometido suicídio. O caso está sendo investigado pela polícia californiana, mas acredita-se que ela tenha agido por conta do ódio que sentia contra a plataforma de vídeos.

Youtuber de origem iraniana, Nasim se apresentava como modelo, atleta, artista, apresentadora, poeta, atriz e diretora. Seus canais no YouTube e suas contas no Instagram reuniam conteúdo bastante variado e tinham milhares de seguidores. Em alguns vídeos, aparecia fazendo exercícios físicos. Em outros, defendia os direitos dos animais e explicava as diferenças entre veganos e vegetarianos.

Desde janeiro de 2017, ela criticava o YouTube, comparando-o com uma ditadura. Segundo Nasim, a plataforma parou de pagar por seus vídeos. “US$ 0,10 por 300 mil visualizações?”, reclamou em uma ocasião. “Não existe oportunidade igualitária de crescimento no YouTube ou em qualquer site de compartilhamento de vídeos. Seu canal só cresce se eles quiserem que isso aconteça”, disse.

Nasim Aghdam não é a única a reclamar dessa política. Quando surgiu, em 2005, a plataforma era bastante liberal, desde que o conteúdo não fosse muito violento ou sexual. Em 2012, passou a permitir anúncios em qualquer postagem. Nos últimos tempos, no entanto, anunciantes e usuários criticaram a presença de anúncios em vídeos que propagavam discursos de ódio. Com as novas regras adotadas, a plataforma pode remover publicidade de qualquer conteúdo fora do padrão. Não se sabe se isso de fato aconteceu com os canais de Nasim.

Investigação

Na segunda-feira 2, o pai de Nasim entrou em contato com a polícia para avisar que a filha estava desaparecida e podia aparecer no escritório do YouTube. Ela foi encontrada na madrugada de terça-feira dormindo em um carro a 48 quilômetros de San Bruno. A polícia conversou com ela durante 20 minutos, e Nasim foi liberada por não apresentar nenhum comportamento suspeito. Antes do ataque, ela levou a arma, registrada em seu nome, a um estande de tiro. A polícia acredita que ela não conhecia nenhuma das vítimas e que não havia alvos específicos. Ataques do tipo cometidos por mulheres são muito raros. Segundo o FBI, foram apenas seis em 160 casos registrados entre 2000 e 2013.

ATAQUE A polícia acredita que Nasim não conhecia nenhuma das vítimas e não tinha alvos específicos no escritório do YouTube (Crédito: Justin Sullivan)