Os Flintstones, Os Jetsons, Os Simpsons… a lista de animações com famílias é longa. Personagens morando sob o mesmo teto, porém, é uma das poucas características em comum entre elas e “Rick and Morty”. Vencedor do Emmy de melhor série animada do ano, a criação de Dan Harmon e Justin Roiland foge do clichê ao exibir dramas familiares em meio a viagens intergalácticas – com direito a pitadas de física quântica. A 4ª e mais radical temporada exibida no Brasil pelo canal Warner Channel é a prova de que seus roteiristas não têm limites: torna-se divertido pensar que enredos tão loucos podem sair das cabeças e pranchetas de profissionais “normais” de Hollywood.

 

Universo à parte

“Na hora de escrever os roteiros de ‘Ricky and Morty’, tudo é possível. Tudo mesmo” – James Siciliano, produtor (Crédito:Divulgação)

A complexidade começa no cuidado com a produção: da mesa de discussões à exibição, o processo de criação de um simples episódio pode durar até um ano. Por isso, trabalham com muita antecedência: a 4ª temporada está no ar, mas a equipe já escreve a 6ª. O roteirista e produtor James Siciliano, egresso de “South Park”, revela que o segredo é a criatividade. “Na hora de escrever os roteiros, tudo é possível. Tudo mesmo”, enfatiza. “Há famílias imperfeitas em outras séries, mas trazer isso para múltiplas versões da realidade é algo bem original.” Curiosidade: o criador Justin Roiland faz as vozes de Rick e de Morty.

Os personagens principais da série mais inovadora desde “Os Simpsons” são Rick Sanchez, cientista alcoólatra e amoral que promove viagens a outras dimensões a partir de seu laboratório na garagem; Morty, seu neto angustiado, é o companheiro nas aventuras. Há ainda os outros membros da família Smith: Summer, irmã de Morty, jovem que se alimenta apenas da popularidade na escola; Jerry, o pai inseguro e desempregado; e Beth, a esposa que vive reclamando dos rumos que sua vida tomou. O humor ácido e a avalanche de referências da cultura pop enlouquece fã-clubes em todo o mundo, nerds que criam teorias tão complexas que poderiam ter sido inventadas por Stephen Hawkings. “Nunca uma animação tão fora dos padrões ganhou um prêmio Emmy”, diz Siciliano. Para ele e os fãs da série, esse é o maior motivo de orgulho.