‘Uma doença grave e pode ser fatal’, opina psicólogo sobre quadro de Linn da Quebrada

A cantora e atriz deu uma pausa em sua carreira para cuidar de sua saúde mental e bem-estar

Reprodução/Globoplay
Foto: Reprodução/Globoplay

[ALERTA: este texto aborda assuntos como depressão e suicídio, o que pode ser gatilho para algumas pessoas. Caso você se identifique, tenha depressão ou pensamentos suicidas, procure apoio no Centro Voluntário à Vida pelo telefone 188]

A cantora e atriz Linn da Quebrada está passando por um momento delicado em sua vida. Na noite de segunda-feira, 17, a assessoria da artista anunciou uma pausa em sua carreira para que ela possa cuidar de sua saúde mental e bem-estar. Segundo o comunicado, a situação de Linn é “delicada”, e a internação ocorreu após supostas imagens dela circularem, mostrando uma pessoa parecida com a famosa no local conhecido como Cracolândia, em São Paulo. A assessoria, entretanto, esclarece que a informação não procede.

“A assessoria informa que, neste momento, a artista Linn da Quebrada está se afastando temporariamente de suas atividades profissionais para focar em sua saúde e bem-estar. Recentemente, ela tem enfrentado desafios relacionados à saúde mental, o que resultou no abuso de substâncias e no agravamento da depressão”, explicou a equipe da ex-BBB.

“Durante esse período, Linn está recebendo o apoio necessário de pessoas próximas, de sua equipe e de profissionais especializados, priorizando seu processo de recuperação e fortalecimento. Pedimos a todos, especialmente aos fãs e à imprensa, que respeitem sua privacidade e ofereçam o espaço necessário para que ela possa se dedicar totalmente a esse processo. Agradecemos o carinho, a compreensão e o apoio”, completou.

Equipe nega vício em drogas

Na manhã desta terça-feira, 18, a equipe de Linn da Quebrada se pronunciou após a cantora voltar a ser internada em uma clínica de reabilitação. De acordo com o comunicado divulgado nas redes da artista, a informação “não é verídica e possui caráter tendencioso”.

“Pedimos a todos que verifiquem as informações antes de compartilhá-las, a fim de evitar a disseminação de boatos infundados e a promoção de estigmas negativos associados a questões de saúde e bem-estar”, afirma a equipe de Linn.

Os boatos começaram com a circulação de um vídeo que supostamente mostra a cantora na Cracolândia. No entanto, as imagens mostram uma pessoa caminhando ao lado de um homem na frente de uma loja de móveis usados na Avenida São João, no centro de São Paulo. O local é próximo à região conhecida como Cracolândia, mas o vídeo não apresenta nenhum indício de que a cantora estivesse usando drogas.

Pausa no trabalho

Linn da Quebrada cancelou compromissos, como o show que faria em São Paulo no último sábado, 15, e também não compareceu a nenhum evento de divulgação de “Vitória”, filme estrelado por Fernanda Montenegro na quinta-feira, 13, no qual interpreta a cabeleireira Bibiana.

A luta de Linn da Quebrada contra a depressão

Em junho de 2024, a cantora, atriz e ex-BBB deu entrada em uma clínica de reabilitação para tratar de sua saúde mental. Na época, ela estava lutando contra uma depressão e optou por buscar ajuda profissional.

Após deixar a reabilitação, em setembro do mesmo ano, Linn disse que foi um período em que se conectou consigo mesma e estava passando por um “momento de ressocialização”.

“Meninas, voltei! A mamãe voltou, caralho”, comemorou ela em um curto vídeo, no qual aparece sorridente e vibrante.

‘Uma doença grave e pode ser fatal’

Procurado pela IstoÉ Gente, o psicólogo Alexander Bez analisou o quadro de saúde mental de Linn da Quebrada. Leia na íntegra!

“O que precisamos compreender é que a depressão é uma condição clínica. Ela possui diferentes níveis, subtipos e variações, algo bem detalhado no livro sobre depressão que estou escrevendo e espero finalizar ainda este ano.

O material já está bem adiantado, com cerca de 35% a 40% do conteúdo digitado. Um ponto essencial a ser entendido é que a depressão é uma condição mental crônica. Ela não tem cura. O que tem cura é a tristeza temporária. A depressão não é apenas uma tristeza passageira, mas sim um estado contínuo e imutável.

A depressão faz parte da estrutura neurológica do cérebro e é considerada uma doença neuropsíquica e neuropsicológica. Ela pode se manifestar de maneira oscilante: em determinados períodos, os sintomas podem se intensificar; em outros, podem amenizar. É fundamental compreender isso, pois muitas pessoas não entendem o que realmente significa ter depressão.

Além disso, a depressão pode ser agravada por fatores externos, especialmente pelo estresse, que é um dos maiores desencadeadores de transtornos mentais, como ansiedade e depressão. Muitas vezes, a tristeza pode ser intensificada por situações externas estressantes, agravando um quadro clínico já existente.

Diante disso, é essencial tratar a depressão de maneira adequada. O tratamento deve ser contínuo, com acompanhamento psiquiátrico e psicológico, além do uso de medicação. Não existe tratamento eficaz para a depressão sem o suporte medicamentoso. Esse é um ponto muito importante.

A depressão é uma doença grave e pode ser fatal. Ela se agrava com as adversidades do dia a dia, especialmente para quem já apresenta um quadro clínico diagnosticado. É importante ressaltar que não há uma “migração” entre tipos de depressão: ou a pessoa tem uma depressão passageira, de origem psicológica, ou ela possui um quadro clínico persistente, que pode ser agravado pelo estresse diário.

O equilíbrio mental é essencial, e ele deve ser alcançado principalmente por meio da medicação, que é até mais importante do que a psicoterapia em alguns casos. A psicoterapia é uma ferramenta valiosa, mas há um princípio na psicologia que afirma que, quando há uma lesão fisiológica, a terapia isolada não é suficiente. Isso ocorre porque a depressão clínica é uma condição neuroquímica e hormonal, e não apenas psicológica. A depressão psicológica, quando existe, tende a desaparecer sozinha em poucos dias.”

Para manter um quadro depressivo sob controle, além do tratamento médico, é fundamental adotar hábitos saudáveis, como:

  • Dormir bem.
  • Ter uma alimentação equilibrada, rica em vitaminas essenciais, como a vitamina D.
  • Consumir proteínas, especialmente carne, pois a deficiência de nutrientes presentes nela pode contribuir para o agravamento da depressão.
  • Praticar atividades físicas regularmente.
  • Ter um bom convívio social.
  • Manter contato com animais de estimação, especialmente cachorros, que ajudam a fortalecer o vínculo emocional e aliviar sintomas depressivos.
  • Priorizar atividades prazerosas e, se possível, evitar situações e pessoas que possam ser prejudiciais ao bem-estar emocional.

Procure ajuda

Caso você esteja enfrentando alguma situação de sofrimento intenso ou pensando em cometer suicídio, pode buscar ajuda para superar este momento de dor. Lembre-se de que o desamparo e a desesperança são condições que podem ser modificadas e que outras pessoas já enfrentaram circunstâncias semelhantes.

Se não estiver confortável em falar sobre o que sente com alguém de seu círculo próximo, o Centro de Valorização da Vida (CVV) presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato. O CVV (cvv.org.br) conta com mais de 4 mil voluntários e atende mais de 3 milhões de pessoas anualmente. O serviço funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados), pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil (confira os endereços neste link).

Você também pode buscar atendimento na Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua casa, pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), no telefone 192, ou em um dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Estado. A lista com os endereços dos CAPS do Rio Grande do Sul está neste link.

Referências Bibliográficas

Alexander Bez – Psicólogo; Especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami (UM); Especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA); Especialista em Saúde Mental. Atua na profissão há mais de 27 anos.

É também autor dos livros: Inveja – O Inimigo Oculto; O Que Era Doce Virou Amargo!!! (Volumes 1, 2 e 3); A Magia da Beleza Feminina; A Paixão e Seus Encantos; e What You Don't Know About COVID-19: The Mortal Virus.