PARCERIA Debswana: a estatal é uma joint venture do governo com a gigante De Beers (Crédito:MONIRUL BHUIYAN)

O solo de Botswana não é propício para o agronegócio, mas o governo do país comemora a colheita de um produto bem mais valioso: o terceiro maior diamante descoberto até hoje foi retirado em estado bruto das profundezas da mina de Jwaneg, em uma operação realizada pela empresa estatal Debswana. As características da pedra são impressionantes: ela tem 1.098 quilates, 7,3 cm de comprimento e 5,2 cm de largura. O país africano já havia sido berço da segunda maior gema encontrada até hoje: em 2015, o diamante “Karowe AK6”, batizado em homenagem à região explorada, foi vendido à joalheria britânica Graff Diamonds por US$ 53 milhões – quase R$ 270 milhões. “Cullian”, de 3.106 quilates, o maior diamante conhecido, foi escavado ali perto, na África do Sul. Ainda não há um valor definido para a nova pedra, apenas o consenso de que o montante será astronômico.

Seu preço será determinado por análises técnicas, além do corte e lapidação realizados em laboratório. Thiago da Cruz Canevari, coordenador do curso de Química do Mackenzie, explica que devido à uniformidade da estrutura do minério uma boa lapidação pode transformá-lo em diversos formatos, o que pode resultar, por sua vez, em tipos diferentes de jóias. “De acordo com o método de produção, pode-se tirar pedaços do diamante sem danificá-lo”, afirma. Na cerimônia de apresentação do brilhante, o presidente Mokgweetsi Masisi afirmou orgulhoso que seu país “era abençoado” e que a comercialização do minério serviria para alavancar a economia nacional. A estatal Debswana é uma parceira do governo com a De Beers, empresa angloamericana líder global desse tipo de mineração. O governo de Botswana recebe 80% da receita das vendas da empresa extratora — o presidente Masisi aguarda apenas o leilão da pedra para engordar o orçamento de seu brilhante país.