A Cúpula Ibero-americana que acontecerá na quarta-feira (21) será muito singular: pela primeira vez em três décadas, esta reunião terá lugar no pequeno Estado europeu de Andorra e, devido à pandemia, quase todos os líderes participarão por videoconferência.

Estas são as chaves deste encontro de chefes de Estado e de Governo da América Latina e da Península Ibérica.

– Andorra, primeira vez –

Microestado aninhado na cordilheira dos Pirineus, entre a Espanha e a França, Andorra será a sede da Cúpula Ibero-americana pela primeira vez.

Na plenária, na tarde de quarta-feira, participará Xavier Espot, chefe de Governo do Principado de Andorra, um território de menos de 500 km2 com 77.000 habitantes, cuja língua oficial é o catalão.

A administração deste país, que vive principalmente do turismo, é partilhada pelo bispo de Urgel, município da região espanhola da Catalunha na fronteira com Andorra, e pelo presidente da França.

A plenária do encontro acontecerá em um hotel de Soldeu, localidade conhecida pelas suas pistas de esqui, enquanto o encontro empresarial prévio, entre segunda e terça-feira, terá será celebrado na capital, Andorra-a-Velha.

– Cúpula semivirtual –

Devido à pandemia do coronavírus, que restringe viagens e reuniões internacionais, quase todos os líderes latino-americanos participarão da cúpula virtualmente.

Só estarão presentes em Andorra os presidentes da Guatemala e da República Dominicana, pois seus países são as sedes das cúpulas anterior e da próxima, e os chefes de Governo de Andorra, Portugal e Espanha, assim como o rei deste último país, Felipe VI.

As autoridades andorranas tomaram precauções extremas, exigindo testes PCR negativos das delegações e jornalistas, que também farão testes rápidos in situ para evitar infecções.

Os eventos e coletivas de imprensa terão uma capacidade muito reduzida.

– Um ano de atraso –

Esta cúpula, que inicialmente teria o lema “Inovação para o desenvolvimento sustentável”, ao qual se agregou “Ibero-América diante do desafio do coronavírus”, deveria ter ocorrido em novembro de 2020, mas foi adiada devido à pandemia.

As cúpulas são realizadas a cada dois anos, mas a próxima ainda está programada para a República Dominicana em 2022, quando a região espera que a situação da saúde esteja melhor.

– 30 anos de cúpulas –

O encontro de Andorra servirá também para marcar 30 anos de cúpulas ibero-americanas, já que este fórum de debate político de alto nível foi inaugurado em julho de 1991, com uma primeira reunião em Guadalajara, no México.

Criadas por impulso de Madri no marco das comemorações do V Centenário da chegada dos espanhóis à América em 1492, as reuniões de cúpula foram anuais até 2014, quando passaram a ocorrer a cada dois anos.

Em suas primeiras interações eram vistas mais como uma iniciativa espanhola para se aproximar da América Latina.

Mas, ao longo dos anos, se tornaram “um espaço muito mais simétrico” entre os 19 países latino-americanos e Espanha, Portugal e Andorra, segundo Rebeca Grynspan, secretária-geral Ibero-americana (SEGIB), encarregada de organizar as reuniões.