O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deixa o cargo esta semana com o firme propósito de disputar as eleições de outubro. Ele acalenta o sonho de ser candidato a presidente da República, mas intensificam-se no MDB articulações para que ele seja vice na chapa a ser encabeçada pelo presidente Michel Temer, que, na semana passada, manifestou com exclusividade à ISTOÉ seu desejo de ser candidato à reeleição. Uma semana antes de Temer anunciar que disputaria a reeleição, Meirelles procurou o presidente para explicitar seu projeto pessoal de concorrer ao Planalto. Pediu apoio para ingressar no MDB, já que o PSD, seu partido, não estava disposto a lhe conceder a legenda para a disputa. Temer, que àquela altura já amadurecia o projeto da reeleição, deu um sorriso irônico e respondeu: “Olha, o MDB é um partido bem complexo…”

“Olha, o MDB é um partido bem complexo…” Michel Temer, presidente da República, ao explicar a Meirelles as dificuldades que o ministro terá para viabilizar sua candidatura a presidente

Com a frase, Temer pretendia demonstrar a Meirelles as dificuldades que ele deveria ter no MDB para emplacar seu projeto. O presidente explicou ao ministro que o MDB era um partido imenso, sem comando centralizado e formado por dezenas de lideranças regionais. Temer até deu aval para que Meirelles se filiasse ao MDB, mas sem uma garantia de que ele conseguiria viabilizar a candidatura. “Nem mesmo eu tenho essa situação garantida”, continuou Temer. “O senhor sabe, há muitos que têm defendido a minha candidatura”, explicou Meirelles. “Há muitos que têm defendido a minha candidatura também”, replicou o presidente da República.

Após essa conversa há duas semanas, o ministro ampliou o diálogo com Temer e os dois chegaram a um acordo: ambos lançariam suas pretensões eleitorais. Em julho, porém, quando chegar o momento da definição da chapa na convenção do MDB, os dois voltariam a avaliar o cenário político. Se Meirelles se mostrar mais viável, assume o compromisso de ser o candidato do governo, defendendo as conquistas da gestão Temer, especialmente no que se refere às questões econômicas, das quais foi o comandante. Do contrário, Temer manterá a candidatura anunciada semana passada e, nessa hipótese, poderá até mesmo ter Meirelles como vice.

Últimos dias

Meirelles disse a assessores que dará maiores detalhes de seu projeto nesta terça-feira 3, mas já deu como certa a saída do Ministério até o final de semana, determinando, inclusive, que não seja marcado nenhum novo compromisso dele como ministro. Ele só cumprirá as duas agendas que já estavam marcadas para esta semana: um seminário em Lisboa e uma palestra na Universidade de Harvard. Claro, tudo combinado com Temer. Os dois tocam de ouvido.

Os novos ases da economia
Em alta no governo, Henrique Meirelles quer continuar conduzindo os rumos da economia, mesmo fora da pasta. Assim, ele deve fazer o sucessor na Fazenda: o novo ministro será o atual secretário-executivo da pasta, Eduardo Guardia. Para o Ministério do Planejamento irá outro nome da sua confiança: o atual secretário de Acompanhamento Econômico, Mansueto Almeida. O atual ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, irá para o BNDES, substituindo Paulo Rabello de Castro, que deixa o cargo também para se candidatar a presidente da República. Só que pelo PSC.